| Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo

A decisão do Reino Unido de sair da União Europeia causou turbulências nos mercados em todo o mundo. Mas, pelo menos para o grupo dos chocólatras, o Brexit tem um lado doce.

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Isso porque, na esteira do resultado do referendo britânico, a cotação do dólar e do euro caíram em muitos países. Junto da cotação recuaram os gastos dos produtores de cacau — que pagam a maior parte de suas contas ou com a divisa americana ou com a moeda única europeia.

Esse recuo pode dar um respiro aos chocólatras, afinal, com despesas menores, há menos gastos para repassar no preço do produto. O valor do cacau tinha disparado e alcançado seu patamar mais alto em 39 anos.

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“O cacau não está mais caro, ele está, provavelmente, um pouco mais barato agora do que antes do Brexit”, observou Laurent Pipitone, diretor da divisão de economia e estatística da Cocoa Organization, de Londres, explicando que os produtores “não compram em libras, mas sim em euros ou em dólares”.

O cacau se dirige para seu quinto ano de ganhos, a maior sequência deste tipo desde 1989. Os preços estão subindo depois que o tempo seco no oeste da África afetou a menor das colheitas anuais, o que fez com que empresas que negociam a commodity, como a Cargill, projetassem escassez do produto.

Demanda pode cair mais

Há ainda outra consequência do Brexit no preço do cacau. A saída do Reino Unido da UE pode afetar a confiança, o crescimento e a economia com o todo. Isso, avaliou Edward George, chefe de pesquisa do Ecobank Transnational, de Togo, pode puxar os preços para baixo, uma vez que, com a potencial desaceleração das economias, a demanda por chocolate pode recuar ainda mais.

As vendas globais de chocolate caíram 2% nos nove meses até maio, de acordo com um documento de rendimentos da Barry Callebaut, maior processadora de cacau do mundo, citando dados da Nielsen. O mercado encolheu 1,2% em Europa, Oriente Médio e África; 3,3% nas Américas; e 2,1% na Ásia.

Os contratos futuros de cacau com entrega para setembro negociados em Londres alcançaram 2.518 libras por tonelada na sexta-feira — o maior para um contrato para daqui a dois meses desde 1977, segundo dados do Marex Spectron Group.

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Os valores destes contratos em dólar recuaram 3,9% desde o referendo de 23 de junho, enquanto os preços em euros caíram 1,1%.

Já os contratos futuros de cacau denominados em dólar e negociados em Nova York caíram 2,7% desde a decisão pelo Brexit, a US$ 3.907 a tonelada, na última sexta-feira.