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Catástrofe no Japão foi precedida de eventos na Austrália, Nova Zelândia e Chile. “Acúmulo de tragédias” pode ameaçar saúde financeira das seguradoras | AFP
Catástrofe no Japão foi precedida de eventos na Austrália, Nova Zelândia e Chile. “Acúmulo de tragédias” pode ameaçar saúde financeira das seguradoras| Foto: AFP

FOZ DO IGUAÇU - O mercado internacional de seguros vai absorver o impacto da catástrofe no Japão e o custo recairá sobre as apólices de riscos patrimonais de grande porte, inclusive no Brasil, segundo especialistas e executivos do setor. A tragédia japonesa, que envolveu terremoto, tsunami e vazamento de radiação nuclear, é considerada sem precedentes na história quando se trata de indenizações, e deve superar o desembolso após o atentado de 2001 nos Estados Unidos.

Parte da conta vai ser coberta pelo setor de resseguros, formado por empresas de porte mundial que absorvem total ou parcialmente os riscos assumidos pelo segurador.

"Como os processos de resseguro são feitos por empresas mundiais, os reflexos das grandes catástrofes acontecem mundialmente. Existe, sim, uma tendência de crescimento do custo do seguro mundialmente, incluindo o Brasil", diz o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro do Paraná (Sincor-PR), Robert Bittar.

Nem todas as apólices devem sofrer alta nos preços. O aumento tende a ficar restrito a riscos patrimoniais de grande porte, no qual estão incluídos obras de rodovias, ferrovias e do setor naval e aeroportuário. Como a tragédia é recente, ainda não é possível calcular valores.

Apesar de haver perspectivas de prejuízo mundial, Bittar lembra que o governo do Japão e resseguradoras locais também vão arcar com parte das perdas provocadas pelo terremoto. O país tem três grandes resseguradoras. Ciente dos riscos do país, o governo japonês tem um fundo próprio para cobrir prejuízos decorrentes de catástrofes.

Por isso, caberá ao seguro e resseguro internacional absorver os prejuízos privados e empresariais, ou seja, danos materiais – como a recomposição física das instalações e a compensação das perdas de receitas.

Catástrofes acumuladas

Paul Conolly, um dos diretores da Liberty International Unterwritters (LIU), divisão de Grandes Riscos da Liberty Seguros, diz que o impacto será forte no mercado mundial porque as empresas que estão segurando riscos no Japão são as mesmas da Austrália, Nova Zelândia e Chile, países que sofreram tragédias recentes. "As catástrofes vão se acumulando e isso gera um impacto grande na capacidade financeira das empresas", diz. Os eventos anteriores ao do Japão ocorridos na Austrália, Nova Zelândia e Chile foram significativos, mas não em âmbito global, segundo Conolly.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Comitê Ibero-Latino-Americano da Associação Internacional de Direito de Seguro (Cila-Aida), Sérgio Barroso de Mello, disse que o impacto dos três eventos ocorridos no Japão – terremoto, tsunami e vazamento de radiação nuclear – "vai ser o maior de todos", superando até mesmo o provocado pelo ataque às duas torres do World Trade Center, cujo prejuízo foi calculado em US$ 120 bilhões. Segundo Mello, o pagamento das indenizações será facilitado pela pulverização dos riscos em termos mundiais; por isso, não haverá implicações para um grupo pequeno de seguradoras. As estimativas iniciais do custo de indenizações são de US$ 35 bilhões, mas, como ainda é cedo para obter uma avaliação precisa, o número pode estar subestimado.

Por ser um país predisposto a catástrofes, pela própria formação geográfica, o Japão tem uma cultura consolidada na aquisição de seguros. Enquanto no Brasil é comum fazer seguro de carros, no Japão as carteiras mais comuns são de residências, empresas e seguros individuais. O índice de furtos e roubos de veículos no Japão é baixo se comparado ao do Brasil, e por isso o seguro de carros não é um dos mais procurados. O Japão é considerado o maior produtor e consumidor de seguros do mundo, depois dos Estados Unidos.

No Brasil, o mercado de seguros está em alta. Em 2010, o setor movimentou R$ 90 bilhões, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), uma alta de 1,76% em relação a 2009. As indenizações pagas somaram R$ 22,6 bilhões, um crescimento de 8,1%.

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