Dois meses após a mudança de governo, iniciada com a aceitação do processo de impeachment contra Dilma Rousseff no dia 11 de maio pelo Senado, o “efeito Temer” sobre a economia foi levemente positivo, embora limitado e bastante ajudado por fatores externos.
A mudança mais clara está na reação dos mercados. De 11 de maio a 14 de julho, a Bovespa teve uma valorização de 5,1%, atingindo seu nível mais alto em mais de um ano. O real continuou sua onda de valorização, iniciada já antes da votação no Senado. A cotação do dólar é hoje 5,5% menor do que em maio, sendo cotado na casa dos R$ 3,25.
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A mudança de governo ainda não mexeu de forma consistente nas expectativas de médio prazo no mercado. A projeção para a variação do PIB neste ano era de uma retração de 3,6% neste ano, segundo o relatório Focus (pesquisa do Banco Central com agentes financeiros) publicado na semana da votação no Senado. Dois meses depois, o número melhorou para uma queda de 3,3%. Para 2017, a projeção ficou parada em crescimento de 1%, embora já haja gente falando em alta de até 2%.
Para a inflação, a percepção é de que o número de 2016 já está comprometido – a expectativa era de 7,19% para o IPCA há dois meses, e ela subiu para 7,26% na última pesquisa Focus. Para 2017, a expectativa caiu de 5,5% para 5,4%, número ainda bem acima da intenção do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, de colocar o IPCA no centro da meta de 4,5% no ano que vem. A mudança no BC, inclusive, provocou uma alteração na percepção de tendência para a taxa básica de juros. O mercado passou a esperar que ela fique alta por mais tempo e caia mais rapidamente em 2017.
Nos últimos dois meses, a leve melhora de percepção do mercado foi ajudada por fatores fora da política. A divulgação do PIB do primeiro trimestre, melhor do que o esperado, fez muitos bancos recalcularem suas projeções para este ano. No front externo, apesar da inesperada aprovação do Brexit, os investidores ficaram aliviados com a postergação da alta de juros nos Estados Unidos e com a aparente melhora no desempenho da economia chinesa. Nem mesmo uma nova preocupação com os bancos italianos prejudicou o apetite por investimentos em mercados mais arriscados, como o Brasil.
Uma mudança mais acentuada de percepção sobre o desempenho da economia do país ainda depende da apresentação do detalhamento de reformas que o novo governo promete encaminhar. Muitas delas só devem andar depois que o Congresso votar o afastamento definitivo de Dilma Rousseff. Mas houve nos últimos dias um sinal claro de confiança na nova equipe econômica, que apresentou sem grande polêmica uma proposta de orçamento com déficit de R$ 139 bilhões para 2017. Há apenas um ano, um projeto com rombo de R$ 30 bilhões causou um mal-estar que culminou com a saída do então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no fim de 2015.
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