O empresário Eike Batista, dono do grupo EBX e homem mais rico do país, disse nesta quarta-feira (15) que a fábrica de telas sensíveis ao toque que será montada em sociedade com a taiwanesa Foxconn terá sede em Minas Gerais. Segundo ele, que não especificou a cidade, os estudos estão em fase adiantada e, além da EBX e da Foxconn, o BNDES mostrou interesse no negócio. O investimento previsto é de US$ 2,5 bilhões.
Eike não deu detalhes sobre o montante que será investido pelo que ele chamou de consórcio brasileiro. Mas disse que os brasileiros terão uma participação de 60% no empreendimento. Para ele, os atuais parceiros são suficientes, embora não tenha descartado outros investidores.
"Por enquanto, nós (EBX) e a Foxconn estamos tocando esse negócio. O BNDES já disse que quer entrar", afirmou Eike, antes de participar do evento CEO Conference, organizado pelo BTG Pactual para investidores.
Eike contou que na conversa que teve com o diretor-executivo da Apple, Tim Cook, no início do mês, a parceria com a maior fabricante mundial de componentes eletrônicos foi aprovada. Além de ter ficado feliz com a sociedade, Cook teria dito que, em breve, montará lojas no Brasil.
"Ele (Cook) me disse que ficou muito feliz em saber que estamos fazendo essa parceria com a Foxconn", disse Eike, lembrando que todo o esforço da taiwanesa e de outras multinacionais que estão se instalando no Brasil é para fugir das alíquotas de importação.
O projeto da Foxconn no Brasil, anunciado no ano passado, prevê US$ 12,5 bilhões em investimentos no país. No Brasil desde 2003, a empresa taiwanesa possui quatro fábricas em território brasileiro e, além da Apple, produz equipamentos para multinacionais como Sony, Nokia e Dell. As telas que serão produzidas na unidade de Minas Gerais, afirmou Eike, não serão destinadas apenas à Apple.
Mas as condições de trabalho nas fábricas chinesas onde iPads e iPhones são produzidos são melhores do que em unidades têxteis e demais instalações na China, segundo uma associação sem fins lucrativos que investiga o assunto. Auret van Heerden, presidente da Fair Labor Association (FLA), não apresentou conclusões imediatas, mas assinalou que tédio e alienação podem ter contribuído para o estresse que levou alguns funcionários da Foxconn ao suicídio.
A FLA estuda as condições de trabalho nos oito maiores fornecedores da Apple na China, após relatos de suicídios, uma explosões e condições de escravidão envolvendo a Foxconn. Após as primeiras visitas à empresa - que fabrica 70% dos produtos Apple - , Heerden disse que as instalações são de primeira classe e que as condições físicas são bem acima da média.
"Fiquei surpreso ao entrar no pátio da Foxconn, quão tranquilo ele é comparado a uma fábrica de roupas", disse. "Então os problemas não envolvem o ambiente nocivo de uma unidade têxtil. É mais uma questão de monotonia, tédio e, talvez, alienação."
Além da Foxconn, investigadores da FLA - que lida com suicídios na China desde os anos 1990 - visitarão instalações, como de Quanta, Pegatron e Wintek.