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Eike, o homem que perdeu US$ 35 bilhões em um ano, dá dicas a Elon Musk

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Eike Batista, durante conferência nos EUA, em abril de 2012 (Foto: Jonathan Alcorn/Bloomberg)

Andando por uma rua movimentada no Rio de Janeiro numa tarde recente, encontramos Eike Batista, o brasileiro que é mais conhecido por perder US$ 35 bilhões em um único ano. Depois de inicialmente tentar desviar das perguntas ele, a contragosto, nos convidou para um almoço que durou duas horas.

O homem, é claro, é Eike Batista, que uma vez notoriamente disse ao mexicano Carlos Slim para cuidar-se porque estava pronto para superá-lo como a pessoa mais rica do mundo. Slim, desde então, caiu para a nona posição na lista, Batista foi para o esquecimento.

Agora, ele está encenando um retorno. Ou tentando, pelo menos. Ele também tem muitas idéias para um executivo que está enfrentando uma fase turbulenta e que ele vê como um espírito parecido: o CEO da Tesla, Elon Musk.

Batista sentou-se à cabeceira da mesa em um de seus restaurantes japoneses favoritos no Rio, como se estivesse em um tribunal e interrogando os companheiros sobre a prosperidade petrolífera no Brasil enquanto fazia cálculos. Em seu casaco esportivo preto havia um sol dourado, o logotipo de seu antigo império de commodities, que uma vez o transformou na 8ª pessoa mais rica do mundo e um nome familiar no Brasil.

"As pessoas nem sabem que está funcionando", disse Batista em meio aos tempuras de camarão, descrevendo um porto que ele possuía e que agora carrega gigantes petroleiros com destino à China. "É maior que Manhattan!"

Outros ex-empreendimentos estão operando sob a propriedade estrangeira e continuam sendo uma fonte de orgulho. Então uma leve carranca apareceu em seu rosto. "Exceto o petróleo."

Ele estava se referindo à OGX, que foi à falência sob uma montanha de dívidas depois de uma campanha de exploração malsucedida. Ele culpa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por sucumbir a um surto de nacionalismo de recursos, deixando apenas restos para ele.

Paralelos com Elon Musk

Sem perder o ritmo, traçou paralelos com um conhecido que está no tipo de situação complicada que conhece muito bem. "Elon Musk está sofrendo com isso agora", disse ele.

Como a OGX antes, a Musk construiu a Tesla sob a premissa de maiores vendas do que as entregues, e o fracasso causou a queda das ações. Termos como "crédito em dificuldades" e "reestruturação" entraram na conversa. É a maior queda no índice Nasdaq 100 este ano.

Se bem que as diferenças entre os homens são gritantes - Musk quer que seus carros elétricos quebrem o vício do combustível fóssil do mundo -, a súbita queda da petrolífera de Batista oferece uma advertência aos investidores da Tesla.

Ambos atacaram os vendedores a descoberto com tuites cáusticos e fizeram anúncios de movimento de mercado nas mídias sociais, depois passaram por acusações dos reguladores por fazê-lo. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proibiu Batista de administrar empresas de capital aberto por sete anos e aplicou uma multa de R$ 536 milhões. Eles também lamentaram ter aberto suas empresas quando os mercados se voltaram contra eles e enfrentaram saídas de executivos de alto escalão.

Os dois têm relacionamento pessoal. Em 2008, Musk viajou para o Rio em outro momento difícil, disse Batista. Um lançamento fracassado de foguetes colocou o programa espacial de Musk em dúvida. Eles também se encontraram na fábrica da Tesla, na Califórnia, e Musk retornou ao Rio em 2014 para a Copa do Mundo, onde Batista i ajudou em sua agenda social. "Eu o ajudei a ir a algumas festas."

A OGX ainda existe sob um nome diferente como um produtor menor, não como o gigante que Batista havia imaginado. A Tesla também corre o risco de ser relegada a um nicho de mercado em meio à crescente concorrência de montadoras estabelecidas que estão inundando o mercado com novos modelos.

Dicas de Eike Batista para a Tesla

A grande preocupação de Batista com a empresa é a qualidade - ou falta disso -, diz ele - do interior dos carros da Tesla. É uma perspectiva incomum. Nem mesmo quem projeta a queda das ações da Tesla se atenta a tanto detalhe.

"Você pode escolher um Mercedes, um Audi ou um Jaguar que são mais baratos que os SUVs dele, e você senta lá e vê o interior; você não pode competir!" disse Batista, um ex-piloto de lancha aficionado por carros que tinha um Lamborghini em sua sala de estar até ser apreendido. "Se você não corrigir isso, você fica para trás."

Eike Batista não vê a Tesla derrubando amplo grupo de empresas de Musk da mesma maneira que a OGX afundou, mesmo que a fabricante de carros não perdure. De qualquer forma, Musk já alterou o curso da história, forçando a indústria automobilística a produzir carros elétricos.

"Ele provocou um belo e maciço movimento em direção à mudança", disse Eike Batista, e depois fez uma comparação com ele mesmo. "Somos perfeccionistas, somos construtores de nações".

Sem incômodos com o passado

A conversa continuou no dia seguinte em seu escritório, um espaço mais modesto do que ocupava em seu auge, mas ainda oferece uma visão da icônica montanha Pão de Açúcar do Rio e que é decorada com troféus do passado. Uma prancha de surf de Gabriel Medina, bicampeão mundial, descansa em um canto. Um cinto de título dado a ele por um lutador de artes marciais mistas está pendurado em sua parede, e uma mesa de café está enfeitada um par de espadas de samurai que também eram um presente.

O homem que costumava a aparecer regularmente nas manchetes brasileiras se recusou a tirar uma foto

Ele mostrou vídeos mostrando as empresas que ele possuía, falou sobre os 15 "unicórnios" que está "criando na minha garagem" e que o levarão de volta à proeminência. Um plano envolve a produção de milhões de toneladas de fosfato de cálcio para sequeestrar as emissões de carbono das usinas de energia e motores de automóveis. Outra é a pasta de dente que regenera o esmalte, embora os tubos que ele mostrou em volta da mesa de conferência estivessem cheios de água.

Eike Batista diz que está ansioso e não se incomoda com o passado.

"A dificuldade é que as pessoas entendam que minha relação com o dinheiro é muito diferente. Eu não me importei de quebrar meu império", disse Eike Batista, acrescentando que rapidamente vendeu suas empresas a um preço baixo. "Você não pode deixar projetos dessa escala pararem; se ele parar por dois, três, quatro anos, às vezes você não consegue acompanhar."

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