O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse ontem que o governo não precisará socorrer as empresas do empresário Eike Batista, que vivem uma crise de confiança no mercado financeiro. "Não precisa [de socorro do governo]. Ele tem ativos muito valiosos", afirmou.
A crise do império X parece não ser um assunto do governo. Segundo interlocutores, o nome de Eike Batista não tem sido falado no Planalto.
Os representantes de Eike Batista estão correndo aos bancos na tentativa de renegociar as dívidas de curto prazo do grupo EBX, que chegam a R$ 7,9 bilhões. As operações contratadas pelo grupo junto ao BNDES somam R$ 10,4 bilhões.
Ontem o grupo deu novas evidências de seu rápido encolhimento. Eike renunciou ao cargo de presidente do conselho da empresa de energia MPX. E a mineradora MMX anunciou que sua unidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, suspendeu a produção por seis meses.
Reestruturação
A saída de Eike da MPX foi o primeiro passo da reestruturação do conglomerado processo que, ao fim, deve reduzir a fortuna do empresário para algo entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2,5 bilhões.
A estratégia é vender ativos ou até o controle da MPX e da MMX, as empresas mais saudáveis, e, com esses recursos, pagar os maiores credores: Itaú, Bradesco (US$ 1 bilhão somados) e o fundo árabe Mubadala (cerca de US$ 2 bilhões).
"A MPX e a MMX são as duas empresas em melhor condição do grupo EBX. Isso pode chamar atenção dos investidores estrangeiros, que devem ver esses dois ativos como boas oportunidades de estarem presentes em setores estratégicos do mercado brasileiro: energia e mineração", avalia Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Eike probreza
O empresário Eike Batista viu o seu patrimônio cair mais de 90% desde o ano passado. Segundo levantamento da Bloomberg, o patrimônio do empresário é estimado agora em US$ 2,9 bilhões. Em 2012, quando figurava entre os mais ricos do mundo, Eike tinha cerca de US$ 34,5 bilhões.
Estaleiro
A OSX, empresa de construção de navios e plataformas, descartou ontem pedir recuperação judicial, conforme vinha sendo especulado no mercado. O estaleiro da companhia, em São João da Barra (RJ), é dos maiores elefantes brancos do grupo de Eike Batista. Sem petróleo da coirmã OGX, as encomendas de plataformas não vieram, e a unidade de 2,5 milhões de metros quadrados de área útil, cais erguido e galpões em pé ficou ociosa.