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Repercussão

Eike pode ter de abrir mão do controle de seu império, diz 'New York Times'

As dificuldades enfrentadas pelo grupo EBX, do empresário Eike Batista, podem culminar num processo de reestruturação que lhe custe o controle de suas empresas, afirmou o jornal americano "New York Times" em reportagem deste domingo. O jornal lembrou a trajetória do empresário, que, assim como a economia brasileira, foi beneficiada por um boom de commodities, que não mais se observa. "O bilhões de Batista estão evaporando", sentenciou a publicação.

No índice de Bilionários da Bloomberg, a riqueza do empresário caiu para US$ 4,8 bilhões após atingir um pico de US$ 34,5 bilhões em março de 2012. Com essa performance, os credores estão cada vez mais ansiosos, e uma reestruturação do que o jornal chamou de "império em declínio" pode se concretizar.

Comparando os percalços do empresário com os que a economia brasileira enfrenta, o "NYT" chamou atenção para que, após anos de expansão, o país começa a patinar. A reportagem lembrou o mau desempenho recente da Bolsa de Valores de São Paulo, a revisão da perspectiva da nota de crédito dada pela agência de rating Standard & Poor's para negativa, além dos protestos que assolam o país e criam um ambiente de risco e incertezas para os negócios.

O economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, em entrevista ao jornal, disse que Eike ergueu seu império graças a um financiamento "colossal" do governo brasileiro, mas que sua riqueza veio com riscos, "como o próprio governo e os investidores estão descobrindo agora". Eike montou sua fortuna vendendo o potencial do Brasil, criando companhias que se beneficiariam dos ricos poços nacionais de petróleo, de vastos recursos minerais e uma classe média em franco crescimento.

No último ano, no entanto, as empresas do conglomerado têm sofrido com projeções de desempenho decepcionantes e pesadas dívidas. "Ele empacotou vento e vendeu", disse a colunista do GLOBO Míriam Leitão. "A euforia enganou muita gente", acrescentou.

Hoje, Eike tenta atrair mais recursos, com ações como a venda de um jato particular e a procura de um parceiro para terminar a reconstrução do Hotel Glória. Via comunicado, ele negou que seu império poderia estar à beira do colapso.

"Se a holding de Batista continuar diminuindo em valor, analistas dizem que seus credores, grupo que inclui alguns dos maiores bancos do Brasil, poderiam empurrá-lo rumo a uma reestruturação que poderia custa-lhe o controle de suas companhias".

A crise que envolveu Eike tem a ver com a queda no preço das commodities e os sucessivos atrasos enfrentados pelo país em grandes projetos de infraestrutura. E os protestos, segundo o "NYT", estão exercendo forte pressão sobre as autoridades para retirar a economia desse compasso de desaceleração.

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