Curitiba Na próxima sexta-feira, a Centrais Elétricas do Rio Jordão (Elejor), empresa controlada pela Copel, vai inaugurar a usina hidrelétrica de Santa Clara, com capacidade para gerar 120 MW de energia. Ela faz parte de um projeto que engloba uma outra unidade do mesmo porte, a usina de Fundão, que também está sendo construída no Rio Jordão, entre os municípios de Candói e Pinhão, e deve entrar em operação na metade do ano que vem. O complexo deve custar perto de R$ 500 milhões e inclui duas pequenas centrais hidrelétricas, com potência total de 246 MW.
O porte do projeto talvez não seja o mais marcante da inauguração. Sua potência corresponde a cerca de 5% dos 4,5 mil MW já instalados no estado e fica bem atrás da última hidrelétrica construída pela Copel, Salto Caxias, com potência cinco vezes maior. Mas as usinas do Rio Jordão devem se tornar um novo parâmetro. A era das construções imensas, que foi da década de 70 até os anos 90, chegou ao fim. Três fatores contribuem para essa mudança: os principais pontos para instalação de usinas já foram usados, as regras ambientais estão mais rígidas e o novo modelo do mercado elétrico altera o pano de fundo para a capitalização dos projetos.
As usinas do Rio Jordão mostram como a questão ambiental influencia o setor. O potencial do rio foi mapeado na década de 60. Trinta anos depois, os estudos foram refeitos para que os impactos fossem reduzidos. Foi quando surgiu a idéia do complexo com duas usinas. "A revisão levou à conclusão de que a divisão das quedas reduziria o custo ambiental", lembra o diretor presidente da Elejor, Sérgio Lamy. "Havia a possibilidade de se fazer uma única usina, maior. Mas o custo ambiental seria maior."
No momento, a Copel espera o leilão de três concessões para a construção de usinas todas de porte médio, como Santa Clara. Falta ainda o licenciamento ambiental para os pontos serem colocados no mercado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A demora para a autorização de projetos preocupa o setor. A intenção da Aneel era leiloar 17 novos pontos para a instalação de hidrelétricas no fim do ano. Previsões de mercado apontam que apenas quatro terão licença a tempo.
Não bastasse essa dificuldade, o setor ainda está aprendendo a lidar com as regras da Aneel que obrigam as geradoras a vender energia para um "pool", em um leilão aberto. "Hoje um investimento da Copel em geração não tem a ver mais com uma estratégia para o Paraná. Precisamos pensar no retorno de mercado", diz o diretor presidente da companhia, Rubens Ghilardi. O executivo diz que há muitas dúvidas sobre a capacidade de abastecimento no Brasil após 2009. "Novos empreendimentos precisam aparecer e não podemos abrir mão da energia hidráulica. As alternativas do gás e carvão são piores", completa.