A fintech paranaense QuiteJá surgiu com uma missão difícil, mas necessária: simplificar a cobrança de dívidas por parte de bancos e instituições financeiras e, ao mesmo tempo, oferecer conforto, tranquilidade e flexibilidade para que o devedor possa sugerir seus próprios termos para limpar o nome. Com clientes como o Santander e bancos de montadoras, a empresa já conta com uma base de 3 milhões de CPFs. As fintechs são empresas inovadoras que atuam no setor financeiro, com novos produtos ou tecnologias.
Em 2017, a QuiteJá faturou R$ 365 mil e prevê para este ano atingir R$ 3 milhões — para 2019, a expectativa é de dobrar o resultado, alcançando R$ 6 milhões. Não é difícil entender os motivos por trás da projeção positiva. Estima-se que o Brasil tenha fechado setembro com 62,4 milhões de CPFs com algum tipo de restrição financeira, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Este número equivale a cerca de 40,6% da população adulta do país.
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“A nossa função não é a cobrança. Nós queremos servir de alternativa para o cliente, ser um canal amigável, que une as duas pontas: a necessidade e a capacidade de pagamento do consumidor à cobrança do banco. As pessoas querem pagar as suas dívidas, só que muitas vezes não são ouvidas ou são cobradas em um momento no qual não podem atender”, resume o advogado Luiz Henrique Garcia, sócio-fundador da QuiteJá.
Até a primeira quinzena de outubro deste ano, a empresa, que está há dois anos no mercado, havia firmado 215 mil contratos, com uma recuperação de crédito de R$ 32 milhões. O faturamento da empresa está relacionado ao êxito das negociações, remunerado pelo banco e não pelos devedores.
Ideia da QuiteJá surgiu da percepção desgaste entre bancos e devedores
De acordo com Garcia, que já atuava na área de recuperação do crédito, a ideia do negócio surgiu ao perceber o desgaste da relação entre os bancos e os devedores. “A cobrança era feita da mesma forma que há trinta anos”, resume. Houve a percepção de que as pessoas não queriam ser incomodadas em seu horário de trabalho, assim como se sentem mais confortáveis ao ver os números relativos à cobrança na tela do computador ou smartphone em um horário em que esteja dedicada a isso.
Por meio da plataforma, o cliente é capaz de visualizar a composição da dívida, as sugestões de condições de pagamento, assim como fazer simulações. Conforme Rafael Abreu, também sócio-fundador da QuiteJá, o devedor pode alterar alguns dos critérios – taxa mensal, prazo de pagamento, entre outros – dentro de um padrão estabelecido pelo banco.
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“É preciso entender quanto uma pessoa pode pagar mensalmente para que possa quitar a dívida. Na plataforma, é possível fazer diversas simulações e escolher qual é a melhor. No entanto, trabalhamos dentro de algumas alçadas permitidas pelo banco, mas as pessoas físicas ou jurídicas podem negociar, ajustando os valores a sua realidade, sem burocracia, filas, telefonemas ou relações estressantes com atendentes”, explica Abreu.
Em 95% dos casos, a proposta feita pelo devedor tem uma resposta da instituição financeira no mesmo minuto. “No mais tardar, no outro dia. Assim que o pagamento de entrada é efetuado, o nome dele estará limpo em até sete dias”, acrescenta.
Relação ganha-ganha
A proposta da QuiteJá se enquadra na famosa relação ganha-ganha – aquela que gera benefícios para todos os envolvidos. Enquanto as pessoas físicas e jurídicas limpam o seu nome, os bancos recuperam créditos e clientes para instituições financeiras. Além disso, o custo do serviço – que fica disponível 24 horas por dia – é inferior aos canais tradicionais de negociação, baseados nas ligações por telefone.
A reportagem de Gazeta do Povo entrou em contato com o Banco Santander, que confirmou o uso da plataforma para a recuperação de crédito, mas não respondeu aos demais questionamentos.
Regras recentes tornaram negociação de dívidas mais flexível
Desde agosto de 2017, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estabeleceu uma nova normativa (018/2017), que sugere aos bancos novos caminhos e regras mais flexíveis para a negociação de dívidas.
Entre as mudanças propostas, encontra-se o aumento de canais específicos para esse fim, justamente o serviço executado pela QuiteJá. Por se tratar de uma normativa, o documento tem mais peso de sugestão do que de lei. Veja algumas das considerações da Febraban:
- Os bancos devem comunicar aos clientes quais são os canais de negociação existentes;
- Toda sugestão de negociação feita pelos clientes deve ser registrada;
- Os bancos devem oferecer melhores condições para a renegociação, assim como apresentarem demonstrativos da evolução da dívida;
- O mesmo caminho deve ser sugerido aos clientes que ainda não estão endividados, mas correm risco de entrar no vermelho;
- A Febraban sugere que os inadimplentes com capacidade de pagamento reduzida (desemprego, divórcio, doença grave, morte ou eventos inesperados) tenham condições de tratamento especial, com ainda mais flexibilidade.
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Conheça os resultados da QuiteJá até a primeira quinzena de outubro.
- Quantidade de acordos: 215 mil
- Total recuperado: R$ 32 milhões
- Dívida média: R$ 2,5 mil
- Maior dívida quitada: R$ 208 mil
- Maior acordo: R$ 181,5 mil
- Atraso médio: 470 dias*
- Taxa de inadimplência: 10%
*Tempo médio da dívida antes do acerto.
Fonte: QuiteJá.
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