6,31% foi quanto caíram as ações ordinárias da Petrobras na última sexta-feira. A queda foi influenciado pelo rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poors e pela perspectiva sinalizada pela agência para a própria Eletrobras na quinta-feira anterior. Pela avaliação da agência, a necessidade de ajuda estatal para a Eletrobras é "quase certa", e "muito alta". Na semana, a companhia acumulou recuo de 10,78% nas ações ordinárias e de 10,09% nas preferenciais classe A.
Responsável por 37% da geração de energia do país, o Grupo Eletrobras (Chesf, Eletronorte, Furnas e Eletrosul) está perdendo R$ 1 milhão por hora. No acumulado de 2013, o dreno nas receitas já contabiliza R$ 8,76 bilhões. As perdas resultam da renovação dos contratos de concessão de usinas e linhas de transmissão, assinada com o governo federal com base na Medida Provisória 579, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no início deste ano. A renovação dos contratos fez com que o grupo sofresse forte queda de valor de mercado, ficando em R$ 8,8 bilhões no último dia 31, bem abaixo dos R$ 18,6 bilhões verificados em maio de 2012.
A informação é do presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, em uma de suas poucas entrevistas exclusivas desde que assumiu o cargo, há dois anos. Ele contou como o grupo que, com a renovação dos contratos, viu seus ativos encolherem de R$ 31 bilhões para R$ 14 bilhões e, depois, serem reavaliados alcançando R$ 25 bilhões está reagindo.
O executivo fala de um denso programa de reestruturação, que poderá resultar em uma profunda mudança na composição societária do grupo. A meta é conseguir redução de R$ 3,3 bilhões nos custos até 2015. Para isso, não descarta fusões ou vendas.
Ele também considera a redução de pessoal, por um programa de incentivo ao desligamento. Mas garante que, apesar da rigidez nos gastos, vai investir R$ 13 bilhões este ano, contra R$ 9,9 bilhões do ano passado, em obras prioritárias, como nas usinas de Jirau, Santo Antônio, Belo Monte e Tele Pires. "Estamos perdendo R$ 1 milhão por hora. Por isso é importante fazer a redução de custos que estamos implementando", destacou.
Ativos
Carvalho Neto explicou que a perda total no valor dos ativos do Grupo Eletrobras ficou em R$ 6 bilhões. Isto porque no valor que o governo atribuiu ao patrimônio inicialmente (R$ 14 bilhões), com base nas novas regras da renovação dos contratos, não estavam incluídos os valores da rede básica existente linhas de transmissão e subestações que entraram em operação até maio de 2000 , além de obras de melhorias e manutenção, que passaram depois a fazer parte da contabilidade. "A Eletrobras pleiteou bastante e depois foi atendida com a inclusão dessa rede básica de transmissão."
A empresa, porém, quer aumentar ainda mais o valor de seus ativos. Até o fim do ano, encaminhará à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) todos os gastos adicionais com obras de reformas e melhoramentos em relação aos projetos básicos. Tudo que for aprovado pela Aneel será levado em conta na valoração dos ativos.
Investimentos
E é justamente com a primeira parte R$ 14 bilhões dos recursos da indenização que o grupo pretende manter os investimentos de R$ 13 bilhões. Outros R$ 11 bilhões devem entrar com a inclusão na contabilidade dos sistemas de transmissão que não tinham sido registrados. Carvalho Neto disse que os valores que serão recebidos pelas indenizações dos ativos do grupo só poderão ser usados para investimentos.
Para completar os investimentos, segundo o executivo, o Grupo Eletrobras vai recorrer a financiamentos tanto pela Caixa Econômica quanto pelo BNDES, entre outros. Já para os próximos dez anos, a expectativa é de investir montantes que ficarão entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões anuais.
Demissão voluntária
Ainda em maio, a Eletrobras lançou o Programa de Incentivo ao Desligamento (PID), para o qual espera, até o ano que vem, adesão de cinco mil de um total de 27 mil empregados. Ao todo, a companhia prevê gastar R$ 2,1 bilhões, valor que terá retorno em 13 meses. "Quem aderir agora tem um plano melhor que no ano que vem."
Modelo
A companhia está licitando a contratação de uma consultoria para fazer seu novo modelo societário. Carvalho Neto não descarta fusões entre as subsidiárias do Grupo Eletrobras e vendas de participações minoritárias em outras empresas. Antecipando-se ao estudo, até o fim deste mês, a Eletrobras vai entregar ao Ministério de Minas e Energia uma proposta com as alternativas possíveis para a venda das seis distribuidoras federalizadas nas regiões Norte e Nordeste, que passam por fortes mudanças de gestão para se tornarem lucrativas. "Essas empresas estarão relativamente bem equilibradas em 2014 e, já no ano seguinte, estarão dando lucro. Foi uma herança um pouco maldita, mas estamos conseguindo reverter isso", garantiu.
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