A Eletrobrás quer atrair as geradoras regionais de energia para tirar do papel as usinas nucleares previstas pelo Ministério das Minas e Energia, que planeja construir 50 unidades em 50 anos. A informação foi dada nesta quarta-feira(17) pelo presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que classificou a iniciativa como uma oportunidade de diversificação de receita das empresas que dependem da geração hídrica. Apesar dos críticos ao projeto - que chamou de "pessoas com raciocínio pigmeu" -, Silva disse que é factível tirar do papel todas as usinas previstas pelo governo.
Ele citou como exemplo a região Nordeste, que seria uma das áreas do País onde existem poucas alternativas para a construção de novas hidrelétricas. Diante desta limitação, Pinheiro diz que a energia nuclear seria uma possibilidade de diversificação de negócios para a geradora local, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).
"A oportunidade de ter sociedade no projeto será dada as geradoras onde as usinas forem construídas. Quando formos construir uma usina no Nordeste, por exemplo, sem dúvida vai haver na composição acionária a participação da Chesf. O mesmo pode ocorrer com a Eletrosul", afirmou Pinheiro.
Ainda de acordo com o presidente da Eletronuclear, a estratégia de atrair as geradoras será nacional e também tem por objetivo facilitar a unificação do sistema elétrico do País.
À espera da obtenção da licença ambiental de instalação de Angra 3, Pinheiro adianta que as obras da usina estão marcadas para ter início em 2 de abril de 2009. "A licença deve sair entre o final de setembro e início de outubro. Já estamos renegociando contratos antigos com fornecedores e prestadoras de serviço e devemos encaminhar uma versão final ao Tribunal de Contas da União em dezembro", prevê o presidente da Eletronuclear.
O TCU, por sua vez, terá dois meses para avaliar a documentação. O mês de macro de 2009, diz Pinheiro, será reservado para a preparação do terreno para as obras. Outro obstáculo que precisa ser vencido pela Eletronuclear e a Comissão de Energia Nuclear é cumprimento da determinação feita pelo Ministério de Meio Ambiente em relação aos rejeitos nucleares. O órgão exige a apresentação de projeto, antes do início das operações, para uma solução definitiva do lixo produzido pela usina.
Questionado sobre as críticas de alguns especialistas do setor de que seria inviável a construção de 60 mil MW em 50 anos, Othon Pinheiro usou como exemplo a França. "Os franceses construirão 58 mil MW em 20 anos. Isto foi há 40 anos. Somos tão pigmeus assim, que não podemos fazer o mesmo?", rebateu ele.Se todas as usinas saírem do papel, os investimentos podem chegar a US$ 180 bilhões. "Cada mil MW/h custa, em média, US$ 3 mil", calcula ele.