Ouça este conteúdo
"Super animado por estar no Brasil para o lançamento da Starlink para atender 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e para o monitoramento ambiental da Amazônia". Foi em tom de certeza sobre a atuação de sua companhia de telecomunicações junto ao governo federal que o bilionário Elon Musk desembarcou no país nesta sexta-feira (20), conforme anunciado por ele mesmo em publicação no Twitter.
A vinda do bilionário sul-africano ao Brasil aconteceu a convite do ministro das Comunicações, Fabio Faria, que no ano passado já havia tomado a frente de conversas com a SpaceX, empresa de Musk amplamente conhecida pelos lançamentos espaciais, mas que tem como parte de suas operações o fornecimento de banda larga em áreas remotas, por meio da conexão a partir de satélites de baixa órbita. Em novembro de 2021 Faria esteve nos Estados Unidos e anunciou discussões para trazer a tecnologia da Starlink, com foco na conectividade da rede pública de ensino da região Norte e no monitoramento da Amazônia.
À época a companhia ainda não estava autorizada a atuar no Brasil, o que levou a questionamentos sobre pressão e interferência do Executivo nos trabalhos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que, pouco depois, liberou a operação dos satélites de órbita baixa da SpaceX.
Discussões sobre a parceria ainda estão em fase inicial
A parceria é tratada de modo aparentemente oficial, como percebido no tuíte do próprio Musk, mas o presidente Jair Bolsonaro admitiu em entrevista realizada no começo da tarde desta sexta-feira (20) que as discussões ainda estão em fase inicial, sem previsão para que a cooperação seja formalizada. Mesmo assim, Bolsonaro enfatizou que o governo federal tem muito interesse na parceria e que haverá "toda a boa vontade" para que ela seja concretizada, inclusive com esforços para desburocratizar o caminho para a cooperação com a empresa.
Também em entrevista, o ministro Fabio Faria afirmou que detalhes técnicos e investimentos ainda não foram discutidos e que serão tratados em novas discussões entre os representantes públicos e privados envolvidos.
O uso da constelação de satélites de Musk para levar internet à região norte do país poderia conferir mais rapidez à conectividade, não necessariamente no que se trata da velocidade de conexão, mas na própria chegada do serviço. Como depende apenas da movimentação dos satélites e da instalação de equipamentos pontuais em solo, a tecnologia da Starlink levaria vantagem na comparação com a instalação de antenas, quilômetros de cabeamento e fibra ótica, que enfrentam obstáculos geográficos para sua instalação (consequentemente mais custosa e demorada).
A internet da Starlink é oferecida a partir de assinaturas mensais para consumidores privados. Não há informação sobre atendimento de clientes governamentais pela companhia. Apesar de já ter sido liberada pela Anatel, a companhia ainda não oferece seus serviços no país, mas estimou o custo da mensalidade no país em R$ 530. Nos Estados Unidos, os planos de prestação do serviço tem preço inicial a partir dos US$ 99/mês.