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INVESTIMENTOS

Em 2012, alta da soja “ofuscou” brilho do ouro

A valorização da soja no Brasil foi provocada pela quebra de safra – aqui e lá fora – e pela valorização do dólar sobre o real | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
A valorização da soja no Brasil foi provocada pela quebra de safra – aqui e lá fora – e pela valorização do dólar sobre o real (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Em alta há 12 anos no mercado internacional, o ouro encerrou 2012 novamente com o brilho de ser a melhor opção de investimento no Brasil. Alcançou valorização próxima de 6% em dólar e 15,5% em real, devido à alta da moeda norte-americana no mercado brasileiro. No entanto, ficou bem atrás da soja, commodity agrícola que ainda não aparece entre as principais opções de investimento. No mercado interno, o grão, principal produto da agricultura, se valorizou mais de 60%, ou seja, quatro vezes mais que o ouro.

Para quem lida com papéis, a soja é uma alternativa de investimento indireto. Aposta-se na oleaginosa investindo-se em empresas ligadas à produção ou à comercialização do grão. Porém, não há fundos específicos que reflitam a valorização da commodity. Essa valorização foi bastante previsível no último semestre, o suficiente para despertar a ambição do investidor comum, que teve de se contentar com outras alternativas.

A lavada que a soja deu no ouro está relacionada ao câmbio. A valorização do grão foi de 16% no mercado internacional no último ano – de US$ 12 para US$ 14 por bushel de 27,2 quilos, o equivalente a uma variação de R$ 53 para R$ 62 por saca de 60 quilos. No mercado interno, entretanto, a saca da oleaginosa disponível vale R$ 66 no Paraná, cotação 64,5% maior que a média de R$ 40/sc registrada em dezembro de 2011, conforme o histórico de preços registrado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do estado. Parte disso é reflexo da alta de 9% no dólar.

A escalada das cotações globais da soja deve-se à quebra na safra norte-americana, que enfrentou a maior seca em cinco décadas em 2012 e perdeu 109 milhões de toneladas em soja e milho (24% do volume esperado). O mercado internacional estava com estoques baixos devido à quebra do verão anterior registrada na Argentina, no Paraguai e no Sul do Brasil. O milho subiu menos que a oleaginosa no Brasil – 30% no ano – porque teve safra recorde no inverno. A cotação da soja, na Bolsa de Chicago, surfou o recorde de US$ 17 por bushel em julho, agosto e setembro.

Tanto o preço do ouro quanto o da soja no Brasil seguem as cotações internacionais associadas à variação cambial, explica Edson Magalhães, gerente de Operações da Reserva Metais. Fundos que refletissem esses dois fatores (cotação da commodity mais dólar) despertariam amplo interesse na conjuntura atual, avalia. Porém, uma inversão na política cambial, com a valorização do real, faria com que a soja passasse de ótima para péssima opção de investimento rapidamente, pondera.

Com 15,5% de valorização neste ano, o ouro serviu de porto seguro para os investidores que enxergaram alto risco no dólar, diante da crise norte-americana. "[O metal] chegou a ter alta de 24% no ano, mas caiu em outubro e dezembro. Mesmo com essas oscilações, teve um ano muito bom", avalia a economista Nastássia Romanó Leite de Castro, da corretora Omar Camargo.

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