Com a recessão já avançada em 2015, o brasileiro ficou mais pobre. O rendimento médio de todas as fontes de renda encolheu 5,4% ano passado, em relação a 2014, já descontada a inflação. O rendimento médio ficou em R$ 1.845 por pessoa por mês, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, informou nesta sexta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Todos os tipos de renda registraram queda em 2015. O rendimento do trabalho passou de R$ 1.950 para R$ 1.853, queda de 5% na passagem de 2014 para 2015. Também foi o primeiro recuo em termos reais em 11 anos. Já a renda média domiciliar caiu de R$ 3.443 para R$ 3.186, o equivalente a um corte de 7,5%. Todas as categorias do emprego registraram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal, especialmente os trabalhadores domésticos com carteira assinada (-3,1%).
A recessão começou no segundo trimestre de 2014, conforme o órgão da Fundação Getulio Vargas (FGV) que acompanha os ciclos da economia, mas o quadro piorou ano passado. O encolhimento na renda já vinha sendo captado em outras pesquisas do IBGE, mas a queda de 2015 foi a primeira na série da Pnad desde 2004.
Os mais pobres sentiram mais a retração da economia. Entre os 10% da população que têm os menores rendimentos (ganham em média apenas R$ 219 por mês), a queda foi maior, de 7,8%. Os 10% mais ricos (R$ 7.548 por mês) viram sua renda cair 6,6% em 2015 sobre 2014.
Desigualdade
Quando se considera as demais faixas de renda, a metade da população que ganha melhor viu sua renda encolher mais do que a metade que ganha pior, segundo o IBGE. Com isso, a desigualdade de renda manteve trajetória de queda. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, ficou em 0,491 em 2015, ante 0,497 em 2014 - a escala vai de 0 a 1; quanto mais perto de 1, mais concentrada a renda.
Como todas as classes sociais passaram a ganhar menos em 2015, não há motivos para comemorar esse tipo de queda na desigualdade. De acordo com a gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira, a redução da concentração de renda é boa quando a situação fica “mais homogênea para todos”.
“Quando todo mundo perde, fica pior para todo mundo. Piorou mais para todo mundo”, disse Maria Lucia. “O que a gente quer é igualar todo mundo no melhor”, completou a pesquisadora.
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