Nos primeiros 45 dias do programa Minha Casa Melhor, desenvolvido pelo governo federal e executado pela Caixa Econômica Federal, 150 mil financiamentos foram contratados no país, dos quais 10,4 mil no Paraná. Os contratos representam a entrada de R$ 51,8 milhões no comércio paranaense.
O dinheiro extra anima os varejistas. A Federação das Associações Comerciais e Empresarias do Paraná (Faciap) estima um crescimento médio de 5% nas vendas do setor. Cada mutuário do Minha Casa, Minha Vida, independentemente da faixa salarial, pode financiar até R$ 5 mil para mobiliar a residência.
Os comerciantes estão otimistas. Para os lojistas, o cartão do Minha Casa Melhor funciona como um cartão de débito e a compra, portanto, entra no caixa como se fosse uma operação à vista. Para o segundo vice-presidente da Faciap, Flávio Balan, "isso reduz a chance de inadimplência".O superintendente do grupo MercadoMóveis, Márcio Pauliki, diz que 500 clientes já compraram nas 172 lojas da rede por meio do programa e outros mil já fizeram orçamento. "O aumento nas vendas, com o programa, deve ser de 7%", aposta Pauliki.O grupo Gazin informa que renegociou com os fornecedores o envio de produtos de qualidade e com preços mais acessíveis. Conforme o gerente de marketing da rede, Edson Oleksyw, o volume de vendas através do Minha Casa Melhor é de 80 transações por dia, em média.A rede Condor intensificou a divulgação dos produtos listados no programa e vai além na projeção de vendas, esperando um aumento de até 40% nas vendas de eletrodomésticos. O grupo Pão de Açúcar (que une Casas Bahia, Pontofrio e Extra Hipermercados) ainda não consolidou o volume de vendas ocasionadas pelo programa, mas disse, em nota, que ele "contribui positivamente para o fomento da economia".ControvérsiaA expectativa de aquecimento das vendas parece consensual no comércio. Difícil é saber ao certo qual vinha sendo o desempenho do setor até o lançamento do Minha Casa Melhor, em 12 de junho.Diferentes levantamentos mostram números conflitantes a respeito do desempenho do comércio neste ano.Segundo a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), de janeiro a maio as vendas do ramo de móveis, decorações e utilidades domésticas cresceram 9,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O dado diverge do apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou uma queda de 6,1% no comércio de móveis e eletrodomésticos do estado. O mesmo IBGE aponta que, em todo o Brasil, as vendas do segmento cresceram 4%.