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Em ano desanimador, a poupança continuou crescendo

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O primeiro ano em que o brasileiro conviveu com dois rendimentos diferentes para a caderneta de poupança – o dos depósitos anteriores a maio de 2012, igual a TR mais 0,5% ao mês, e o dos novos, igual a 70% da Selic – foi desanimador. As cadernetas novas perderam feio para a inflação no segundo semestre – em dezembro, por exemplo, o IPCA de 0,79% ficou bem acima do desempenho na nova poupança (0,413%) e da antiga (0,50%).

Em 2012, o país enfrentou um cenário macroeconômico incomum. A taxa básica de juros caiu, enquanto a inflação aumentou. O resultado foi que a nova poupança perdeu da inflação entre setembro e dezembro. Em relação ao desempenho da poupança antiga, um levantamento da Economatica divulgado nesta quinta-feira mostrou que a rentabilidade nominal no ano passado foi de 6,47%, a mais baixa em 46 anos. O rendimento real (descontada a inflação) foi de 0,60%, o menor desde 2004.

Mesmo assim, a captação bateu recordes (veja reportagem ao lado). "A poupança passou a ser uma boa alternativa com essa redução dos juros", diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Com a taxa de juros atual em 7,25% ao ano, a nova poupança tem um rendimento superior aos fundos que cobram taxas de administração acima de 1,5% ao ano, mostra um estudo da Anefac. A poupança antiga continua imbatível e é melhor do que todos os fundos de renda fixa. "Nada ganha da poupança antiga. Ela é imbatível", diz Oliveira.

Na avaliação de Ricardo Rocha, professor do Insper, a elevada captação da poupança é fruto da preocupação do brasileiro em poupar, sobretudo no cenário em que a inadimplência teve forte alta em 2012. "Eu acredito que a alta do endividamento e da inadimplência fizeram a família ter um pouco mais de preocupação com relação a guardar dinheiro. Além disso, para quem começa com pouco, a sugestão mais comum é sempre ir para a poupança."

O fim do ganho fácil com juro tem de levar o brasileiro a pesquisar e a estudar novas modalidades de investimentos, alertam os especialistas. "Há uma falta de conhecimento com os investimentos", afirma Mauro Calil, educador financeiro.

Ela nunca deixou de ser atraente

O novo cálculo para o rendimento da poupança começou a valer para depósitos realizados a partir de 4 de maio. A rentabilidade passou a ser de 70% da taxa Selic e vale sempre que a taxa de juros estiver em 8,5% ou menos. Para os depósitos realizados antes dessa data, continua o rendimento mensal de 0,5% mais a Taxa Referencial (TR).

A mudança na forma de tributação não tirou a atratividade de poupança. Pelo contrário. De maio até dezembro, a captação foi de R$ 45,6 bilhões, segundo o Banco Central. Em todo o ano passado, a captação foi de R$ 49,7 bilhões. O valor apurado superou o recorde anterior, de R$ 38,7 bilhões em 2010 e ficou 250% acima do resultado de 2011 (R$ 14,2 bilhões). Apesar do aumento, houve queda nos rendimentos creditados no período.

"A poupança continua competitiva, apesar de todas as mudanças", afirma Fábio Colombo, administrador de investimentos. A grande vantagem da aplicação é não ter cobrança de Imposto de Renda e taxa de administração. Além disso, a aplicação está garantida em até R$ 70 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). É importante lembrar que a redução da taxa básica de juros da economia também afetou os fundos mais conservadores, como os DI e de renda fixa.

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