A CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) realizaram comemoração conjunta neste 1º de Maio, dia em que se comemora o Dia do Trabalho, no Vale do Anhangabaú, na região central da capital paulista.
Segundo a organização do evento, as centrais querem o fim do fator previdenciário; o arquivamento do projeto de lei de autoria do deputado Sandro Mabel --que regula a terceirização do trabalho--; mais investimentos em saúde, educação, segurança e transporte; além da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Esta última demanda, inclusive, é a mais reforçada pelos presidentes das centrais.
Segundo Antonio Neto, da CSB, o projeto de lei que diminui a carga horária dos trabalhadores já está no Congresso Nacional há 19 anos.
Na última sexta-feira, em reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o presidente da CUT, Vagner Freitas de Moraes, ouviu do próprio que o projeto de lei será colocado em votação. "Ele me garantiu que o projeto será colocado em votação", disse.
No próximo dia 6, as centrais voltarão ao Congresso para explanar as reivindicações a uma Comissão Geral. "Esperamos encontrar respaldo no Congresso, até porque, essas medidas, em um ano eleitoral, podem render votos", concluiu Moraes. Pronunciamento de Dilma
O pronunciamento da presidente da república, Dilma Rousseff, realizado ontem em cadeia nacional, repercutiu entre os sindicalistas. Eles avaliam que a correção, embora pequena, da tabela do Imposto de Renda, além da manutenção da política de aumentos reais do salário mínimo, são um "bom começo".
Antonio Neto, no entanto, entende que é preciso continuar a pressionar o governo. "A revisão da tabela do Imposto de Renda é só o começo. Creio que é possível atender a mais medidas. Se alguém pode fazer isso, é o PT", disse. "Dilma assumiu essa luta do salário mínimo e está enfrentando ]interesses contrários a isso. É por isso que continuaremos a defender o seu projeto", afirmou Adilson Araújo, da CTB.
Ato religioso contra a mídia
No início das comemorações pelo dia do trabalhador, um ato interreligioso foi organizado pelas centrais. Líderes de diversas crenças subiram ao palco e pregaram por seus deuses, e contra a mídia. Aliás, esse foi o único consenso entre eles. O umbandista Pai Cássio lembrou dos torturadores, anistiados durante o processo de redemocratização, cuja situação vem sendo questionada durante as investigações das Comissões estadual e nacional da Verdade. "A mídia, sempre mancomunada com a ditadura, se cala na questão da anistia a torturadores. Torturadores não podem ser perdoados, e a mídia se omite nessa questão até hoje", avaliou.
Um padre argentino também questionou a imprensa brasileira. "As informações que chegam até vocês (o público presente) de Venezuela, Cuba e Argentina, são tortas", alertou. "Precisamos lutar por uma mídia mais democrática, mais justa", completou. Apresentadores do evento também não pouparam críticas. "Dizemos não aos meios que se vendem ao poder capitalista. O Brasil só será moderno com uma imprensa democrática."