
Globoaves pode investir R$ 100 mi
O maior investimento paranaense no Nordeste pode ficar a cargo da Globoaves, de Cascavel (Oeste do Paraná). O grupo que controla incubatórios, granjas, fábricas de ração e frigoríficos em oito estados brasileiros estaria disposto a erguer um abatedouro de frangos no Sul do Piauí, ao custo de até R$ 100 milhões.
Varejo nordestino cresce 11% ao ano
Entre 2004 e 2009, o comércio cresceu, em média, 4% ao ano no Paraná, 7% em todo o Brasil e quase 11% na Região Nordeste. Natural, portanto, que o mercado nordestino seja considerado uma espécie de "Eldorado" do varejo. Além de assistir, no fim de março, ao nascimento da segunda maior rede do país surgida da fusão de Insinuante e Ricardo Eletro , a região deve absorver nos próximos anos fatia razoável do orçamento de redes como Pão de Açúcar, Walmart, Carrefour e Lojas Americanas.
"Não tem segredo. De 2004 para cá, houve uma grande ascensão de famílias de baixa renda para a classe média. Evidentemente, nas regiões Norte e Nordeste, onde há maior concentração de famílias com renda mais baixa, o crescimento foi ainda mais significativo. E nessas classes a elasticidade do consumo é maior. Ou seja, um aumento da renda se reverte imediatamente em consumo", avalia Cláudio Felisoni, coordenador do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA).
Ana Vecchi, sócia da consultoria especializada em varejo Vecchi & Ancona, diz que, enquanto os mercados do Sul e do Sudeste cresceram gradativamente ao longo de várias décadas, a expansão do Nordeste tem aspecto de "explosão". "É como se a região estivesse recuperando o tempo perdido. Com o aquecimento da economia nordestina, empresas de todo o país e do exterior começaram a migrar para lá, e agora os estados brigam por investimentos usando campanhas de incentivo fiscal."
Esse tipo de estímulo influenciou a escolha da fabricante de fraldas e absorventes Tecnicare, de Curitiba, que abriu um centro de distribuição em João Pessoa. Mesmo sendo forçada, pela crise internacional, a fechar a fábrica que tinha em Lauro de Freitas, na Bahia, a empresa percebeu que não poderia se dar ao luxo de abandonar o mercado nordestino. Optou então por transferir sua filial para a Paraíba com vistas a construir lá, no futuro, uma nova unidade produtiva.
"Inauguramos a fábrica na Bahia em 2007. No ano seguinte, estourou a crise, e de repente nos vimos com duas fábricas ociosas, uma em Curitiba e outra na Bahia. Como estratégia de defesa, optamos por concentrar a produção no Paraná, para reduzir custos, mas mantendo no Nordeste uma estrutura de distribuição. Sem isso, seria impossível atender com rapidez a demanda daquele mercado, que é muito importante para nós", conta o presidente da Tecnicare, Luciano Ghilardi. "Na Paraíba, a política fiscal é muito interessante para indústrias. Então escolhemos instalar lá uma operadora logística para, eventualmente, transformá-la em fábrica." (FJ)
Com incentivos fiscais, mão de obra barata e o mercado consumidor que mais cresce no país, o Nordeste brasileiro tornou-se destino quase óbvio para investimentos. Mas não deixa de surpreender o fato de que várias empresas do Paraná estejam abrindo filiais na região porque, exceto para os bem-sucedidos empresários do agronegócio, o Nordeste nunca foi a praia dos empreendedores paranaenses.
Até pouco tempo atrás, as poucas companhias do estado que se aventuravam por lá voltavam logo e sem boas histórias para contar. Casos conhecidos são os da Atlas e da Britânia, que fecharam suas fábricas na região. Desta vez, empresas de médio e grande porte, quase todas do setor moveleiro e com origem no interior do estado, querem provar que é possível ser feliz sob o sol nordestino. Os investimentos divulgados nos últimos meses somam pelo menos R$ 32 milhões, e devem gerar cerca de 800 empregos diretos em três estados.
Uma das desafiantes é a Anjos Colchões, de Capitão Leônidas Marques (Oeste do Paraná), que vai investir R$ 12 milhões em uma fábrica na Paraíba. "O mercado nordestino vem crescendo muito e hoje já conseguimos vender para ele, mesmo produzindo no Paraná e tendo um alto custo de transporte. Acreditamos que, instalando uma indústria na Paraíba, que tem uma ótima logística, conseguiremos ganhar muito mercado, podendo atender a todos os estados do Nordeste", conta Claudinei dos Anjos, diretor da empresa.
Com a expectativa de abrir cem vagas de trabalho na região metropolitana de João Pessoa, o empresário não poupa elogios à receptividade do governo paraibano, que, segundo ele, "está preocupado em gerar empregos e não somente em receber impostos". O pacote de incentivos do estado é generoso inclui redução de ICMS, doação de terreno ou galpão industrial e financiamento com juro subsidiado e atraiu 25 empresas de todo o país desde o início de 2009. Elas devem investir R$ 657 milhões em 11 cidades e gerar quase 4 mil empregos diretos, segundo a Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep).
Subsidiária do Grupo Vamol, que tem sede no polo moveleiro de Arapongas (Norte do Paraná), a fabricante de móveis Mandacaru teve financiamento autorizado no fim de janeiro. A empresa vai se instalar em Santa Rita, também na Grande João Pessoa, no local onde funcionava a calçadista Samello. Seu plano vai exigir a contratação de até 150 trabalhadores nos próximos anos, segundo a agência de notícias do governo paraibano.
Também de Arapongas, a Somopar elegeu o município de Bonito, em Pernambuco, como base de seu plano de expansão no Nordeste. Investiu quase R$ 11 milhões na fábrica inaugurada no fim do ano passado, que emprega 180 pessoas e tem capacidade para produzir até 10 mil sofás por mês. "Não começamos do zero, pois já vendíamos um bom volume para o Nordeste. A grande sacada é a questão logística. Com fábrica lá, ficamos mais competitivos em um mercado que, além de estar crescendo mais, é menos saturado que o do Sul e o do Sudeste", explica Antônio Rufato, diretor da Somopar.
Velha novata
As recém-chegadas Anjos, Vamol e Somopar vão fazer companhia à Móveis Gazin, que já tem centros de distribuição em Feira de Santana, na Bahia, e Campina Grande, na Paraíba. Com sede em Douradina (Noroeste do Paraná) e sólida atuação no atacado e varejo de móveis e eletrodomésticos, a Gazin é veterana de andanças pelo Brasil. Fundada em 1966, acompanhou os agricultores paranaenses que a partir da década de 70 tomaram o rumo do Centro-Oeste e do Norte do país, e nessas regiões espalhou 150 lojas. Uma rede que, incluindo a atividade atacadista e as fábricas de colchões e estofados, faturou R$ 1,35 bilhão em 2009.
Mas, apesar de todo esse poder de fogo, no Nordeste a Gazin também é novata. Seu atacado na Bahia tem menos de dois anos, o da Paraíba foi aberto há dois meses e, segundo Edson Oleksyw, gerente de marketing da rede, por enquanto não há planos de abrir lojas na região.
Por sinal, é compreensível que a companhia paranaense mantenha um pé atrás no segmento varejista do Nordeste, dominado por fortes redes locais, como as "recém-casadas" Insinuante e Ricardo Eletro. Daí a opção por começar pelo atacado, que, em dezembro, ganhará o reforço da primeira fábrica de colchões da Gazin na região. Já em construção, a unidade vai consumir R$ 3,7 milhões em investimentos e deve abrir 300 vagas de trabalho em Feira de Santana.
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