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Em busca de um lugar ao sol do Nordeste

Atraídas pela forte expansão do consumo, empresas paranaenses instalam filiais em região que era “inóspita” até alguns anos atrás

Luciano Ghilardi, presidente da Tecnicare: novo centro de distribuição em João Pessoa | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Luciano Ghilardi, presidente da Tecnicare: novo centro de distribuição em João Pessoa (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)
Confira algumas empresas paranaenses que já atuam ou estão se instalando na região |

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Confira algumas empresas paranaenses que já atuam ou estão se instalando na região

Veja mais sobre as vendas no varejo do Brasil, nordeste e Paraná |

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Veja mais sobre as vendas no varejo do Brasil, nordeste e Paraná

Com incentivos fiscais, mão de obra barata e o mercado consumidor que mais cresce no país, o Nordeste brasileiro tornou-se destino quase óbvio para investimentos. Mas não deixa de surpreender o fato de que várias empresas do Paraná estejam abrindo filiais na região – porque, exceto para os bem-sucedidos empresários do agronegócio, o Nordeste nunca foi a praia dos empreendedores paranaenses.

Até pouco tempo atrás, as poucas companhias do estado que se aventuravam por lá voltavam logo e sem boas histórias para contar. Casos conhecidos são os da Atlas e da Britânia, que fecharam suas fábricas na região. Desta vez, empresas de médio e grande porte, quase todas do setor moveleiro e com origem no interior do estado, querem provar que é possível ser feliz sob o sol nordestino. Os investimentos divulgados nos últimos meses somam pelo menos R$ 32 milhões, e devem gerar cerca de 800 empregos diretos em três estados.

Uma das desafiantes é a Anjos Colchões, de Capitão Leônidas Marques (Oeste do Paraná), que vai investir R$ 12 milhões em uma fábrica na Paraíba. "O mercado nordestino vem crescendo muito e hoje já conseguimos vender para ele, mesmo produzindo no Paraná e tendo um alto custo de transporte. Acreditamos que, instalando uma indústria na Paraíba, que tem uma ótima logística, conseguiremos ganhar muito mercado, podendo atender a todos os estados do Nor­­deste", conta Claudinei dos Anjos, diretor da empresa.

Com a expectativa de abrir cem vagas de trabalho na região metropolitana de João Pessoa, o empresário não poupa elogios à receptividade do governo paraibano, que, segundo ele, "está preocupado em gerar empregos e não somente em receber impostos". O pacote de incentivos do estado é generoso – inclui redução de ICMS, doação de terreno ou galpão industrial e financiamento com juro subsidiado – e atraiu 25 empresas de todo o país desde o início de 2009. Elas devem investir R$ 657 milhões em 11 cidades e gerar quase 4 mil em­­pregos diretos, segundo a Com­­panhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep).

Subsidiária do Grupo Vamol, que tem sede no polo moveleiro de Arapongas (Norte do Paraná), a fabricante de móveis Mandacaru teve financiamento autorizado no fim de janeiro. A empresa vai se instalar em Santa Rita, também na Grande João Pessoa, no local onde funcionava a calçadista Samello. Seu plano vai exigir a contratação de até 150 trabalhadores nos próximos anos, segundo a agência de notícias do governo paraibano.

Também de Arapongas, a Somopar elegeu o município de Bonito, em Pernambuco, como base de seu plano de expansão no Nordeste. Investiu quase R$ 11 milhões na fábrica inaugurada no fim do ano passado, que emprega 180 pessoas e tem capacidade para produzir até 10 mil sofás por mês. "Não começamos do zero, pois já vendíamos um bom volume para o Nordeste. A grande sacada é a questão logística. Com fábrica lá, ficamos mais competitivos em um mercado que, além de estar crescendo mais, é menos saturado que o do Sul e o do Sudeste", explica Antô­­nio Rufato, diretor da Somopar.

Velha novata

As recém-chegadas Anjos, Vamol e Somopar vão fazer companhia à Móveis Gazin, que já tem centros de distribuição em Feira de Santana, na Bahia, e Campina Grande, na Paraíba. Com sede em Douradina (Noroeste do Paraná) e sólida atuação no atacado e varejo de móveis e eletrodomésticos, a Gazin é veterana de andanças pelo Brasil. Fun­­dada em 1966, acompanhou os agricultores paranaenses que a partir da década de 70 tomaram o rumo do Centro-Oeste e do Norte do país, e nessas regiões espalhou 150 lojas. Uma rede que, incluindo a atividade atacadista e as fábricas de colchões e estofados, faturou R$ 1,35 bi­­lhão em 2009.

Mas, apesar de todo esse poder de fogo, no Nordeste a Gazin também é novata. Seu atacado na Bahia tem menos de dois anos, o da Paraíba foi aberto há dois meses e, segundo Edson Oleksyw, gerente de marketing da rede, por enquanto não há planos de abrir lojas na região.

Por sinal, é compreensível que a companhia paranaense mantenha um pé atrás no segmento varejista do Nordeste, dominado por fortes redes locais, como as "recém-casadas" Insi­­nuante e Ricardo Eletro. Daí a opção por começar pelo atacado, que, em dezembro, ganhará o reforço da primeira fábrica de colchões da Gazin na região. Já em construção, a unidade vai consumir R$ 3,7 milhões em investimentos e deve abrir 300 vagas de trabalho em Feira de Santana.

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