O Porto de Paranaguá inicia amanhã a dragagem de seus 14 berços de atracação, algo que não ocorre há pelo menos seis anos. A retirada dos 110 mil metros cúbicos de detritos que se acumularam junto ao cais e impedem os navios de seguir viagem totalmente carregados representa apenas o primeiro passo para resgatar a capacidade operacional e a própria credibilidade do terminal, que vinha afundando sob o peso de deficiências e irregularidades como as que motivaram a Operação Dallas, da Polícia Federal.
O retrocesso sofrido pelo porto nos últimos anos fica evidente em diferentes números e rankings. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Paranaguá já não ocupa o histórico posto de segundo maior porto brasileiro. Perdeu sua posição para Itaguaí (RJ), terminal que escoa principalmente petróleo e minérios e que hoje responde por quase 20% de todas as cargas movimentadas nos portos públicos do país.
Em 2009 (dados mais recentes), Paranaguá ocupava o terceiro lugar na lista, com participação de 11,8% no total nacional, menos que os 13,5% alcançados dois anos antes. Esse recuo, de 1,7 ponto porcentual, parece pequeno. Mas, se não tivesse ocorrido, o movimento de cargas no porto teria sido 13% maior em 2009 ou seja, em vez de 30,6 milhões de toneladas, o terminal teria embarcado e desembarcado 34,8 milhões de toneladas.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam fenômeno semelhante. Em 2001, 10,4% de todas as importações e exportações por via marítima do país passavam por Paranaguá. Em 2009, essa fatia era de 8,9% e, no ano passado, caiu a 8,1%, a menor desde 1996.
Não que o movimento no principal porto do Paraná tenha caído (o valor das mercadorias que ali passaram em 2010, de US$ 24,4 bilhões, foi quase o triplo do de 2001); na verdade, sua expansão é que se deu em velocidade mais lenta que a da média de seus concorrentes em todo o país. Tanto que, se houvesse acompanhado o ritmo nacional e mantido sua participação na mesma taxa de 2001, Paranaguá teria movimentado US$ 2,5 bilhões a mais, cerca de 10%, no ano que passou.
No ranking de movimentação de comércio exterior, o cais paranaense é hoje o quarto do país. Além de Santos, perde para Itaguaí e Vitória (ES), este também um grande embarcador de minério de ferro. É fato que petróleo e minérios não são, e nem poderiam ser, a especialidade de Paranaguá. Mas, mesmo tomando-se como exemplo as exportações de soja, principal commodity paranaense, o terminal ficou para trás. Em 2002, 32% das vendas da oleaginosa eram escoadas pelo porto; atualmente, a fração é de 19%, segundo o MDIC.
Concorrentes
Ao menos em um aspecto o Porto de Paranaguá saiu ganhando: na comparação com seus concorrentes da Região Sul, que também "encolheram" nos últimos tempos. Em 2007, de cada 100 toneladas movimentadas em portos sulistas, 46 passavam por Paranaguá; em 2009, a fatia parnanguara correspondia a 54 de cada 100 toneladas.
Enquanto isso, o maior porto brasileiro ganhou um bom terreno. Enquanto a participação de todos os portos do Sul caiu de 29,5% para 22% do total nacional entre 2007 e 2009, a fração de Santos aumentou de 25,6% para 29,1%.
Inconsistências, julgamento em plenário, Tarcísio como testemunha: o que diz a defesa de Bolsonaro
Mauro Cid reforça que não foi coagido em delação e pede absolvição ao STF
Em busca da popularidade perdida, governo anuncia alíquota zero de importação para baratear alimentos
Resultado da Petrobras justifica preocupação
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast