Para crescer, aumentar a lucratividade, conquistar novos mercados e ficar sempre à frente da concorrência, as empresas devem transformar o "mar sangrento" da competição em um "oceano azul" que a posição de liderança proporciona. Para tanto, deve inovar nos serviços e pensar sempre no que o cliente mais precisa. É nisso que o presidente-fundador da Amil, o médico Edson Bueno, acredita. E foi este o tom da palestra que reuniu mais de 200 pessoas no Centro Universitário Positivo (UnicenP), em Curitiba, na semana passada.
Bueno falou sobre empreendedorismo, assunto que domina desde que transformou em 1978 uma pequena clínica de maternidade em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, em uma das 20 maiores empresas de medicina de grupo do país. O histórico de inovação vem desde esta época. "Nós estávamos em um morro e as pacientes grávidas não tinham como subir, por isso alugamos uma casinha lá embaixo para atendê-las. Depois, botamos uma Kombi velha para levá-las até a clínica", lembra Bueno. Oferecendo cursos de pós-parto para as clientes, a maternidade passou de 70 partos mensais para 400. Hoje, a empresa é a responsável por 60% das vendas de novos de planos de saúde no Rio de Janeiro.
Depois, a empresa criou um Centro de Tratamento Intensivo (CTI), o maior da época, com 50 leitos, em um hospital recém-adquirido. "Conseguimos atrair clientes de todo o estado. Nem na capital do Rio existiam respiradores tão modernos quanto os nossos", conta Bueno. O presidente da Amil lembra também que na época não haviam especialistas em respiração de crianças e que os respiradores usados eram os mesmos dos adultos. "Trouxemos três respiradores dos Estados Unidos que custavam cada um o preço de um Volkswagen. E o que nós salvamos de vida com isso... De cabo a rabo, foi tudo empreendedorismo."
Com estas ações, em cinco anos a Amil conseguiu transformar o mar de sangue em oceano azul, porque não existiam competidores que tivessem os mesmos serviços na região. "Passamos a dominar 70% do mercado do município", explica Bueno. "Mas vimos que na verdade esse era um lago azul, que o verdadeiro mar estava na cidade do Rio de Janeiro." Lá, eles encontraram um "tubarão" que dominava o mercado: a Golden Cross. Foi uma grande lição, pois a empresa descobriu que sempre que quisesse expandir iria encontrar um mar vermelho.
Bueno usou como exemplo a trajetória do Cirque du Soleil, iniciativa do canadense Guy Laliberté que começou tocando sanfona em cima de pernas-de-pau, renovou o conceito de circo e agora tem um dos maiores empreendimentos de espetáculos do mundo. "Você tem que sair do meio da multidão e isso é difícil. Você tem que inspirar toda sua equipe a criar coisas novas, atingir novos mercados, aumentando muito o valor para seus clientes", explica. De acordo com o executivo, a Amil vai continuar com esta estratégia no futuro. "Você nao tem opção." Hoje a Amil é uma holding formada por 12 empresas com12 mil funcionários.