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Eletros

Em busca do som ideal

O consumidor que deseja trocar o aparelho de som doméstico tem uma tarefa árdua pela frente. Além de desbravar a seção de áudio das lojas de eletroeletrônicos, ele terá que optar por um produto que vem sendo pouco a pouco deixado em segundo plano desde que a revolução digital teve início. De acordo com um estudo feito pela gerente técnica do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Andréa Goulart, envolvendo 970 estudantes de ensino médio e superior, o computador já empata com esses aparelhos na preferência dos jovens ouvintes. Quase um terço deles respondeu que escuta músicas no PC em vez dos velhos "3 em 1".

Mas é bom lembrar que, apesar de o MP3 ter virado a indústria musical de cabeça para baixo, esse formato digital não deverá ser o responsável pela extinção dos micro e mini systems. Pelo contrário: de 2 anos para cá, os equipamentos de áudio vem incorporando características que os permitem se conectar aos demais eletrônicos da casa – inclusive ao microcomputador.

Mas como fazer então para escolher um aparelho que satisfaça às suas necessidades sem causar um rombo na sua conta bancária? Sim, porque aparelhos de alta fidelidade (hi-fi) podem custar tanto quanto um carro zero-quilômetro (leia abaixo). O básico do básico é verificar se o sistema de som a ser comprado tem CD player que leia MP3 e outros arquivos digitais, como o WMA. O produtor de vídeo e audiófilo Rogério Vieira diz que essa função é imprescindível. "Um som com entrada para DVD vale ainda mais a pena, pois pode servir como um ‘minihome theater’", explica. Se o equipamento tiver memória interna (que permite gravar as músicas digitais no próprio aparelho), melhor ainda. "Existem alguns systems novos que podem armazenar centenas de músicas. Desse modo, se tornam um MP3 player não-portátil", acrescenta Vieira.

Após verificar as funcionalidades ligadas ao formato digital de música, o cliente precisa tomar cuidado com a armadilha da potência. Se o aparelho for anunciado com mais de 1.000 watts, desconfie. É possível que tal potência esteja na escala PMPO, que indica apenas o pico que as caixas atingem em um determinado momento (após o qual podem estourar). O que vale avaliar na hora da compra é a medida em RMS, indicativa da capacidade do som de ficar em volume máximo sem distorção. "Esse negócio de 1.000 watts em aparelho doméstico não existe. Para se ter noção, as casas noturnas que têm um bom sistema de som usam essa potência", frisa Maurício Harada, o DJ Japa. "Meu micro system, por exemplo, tem 37 watts em cada canal [caixa]." Se o som de Japa fosse anunciado, é bastante provável que ele tivesse estampado "800 watts de potência", ou seja, a soma dos dois canais convertida para o sistema PMPO.

Com a convergência tecnológica, que prega a necessidade de os eletrônicos "conversarem" entre si, é cada vez mais importante ver se há a possibilidade de ligar outros aparelhos no som. O iPod, tocador de música digital da Apple, pode ser conectado a uma entrada auxiliar (reconhecida pela sigla AUX). O ideal, entretanto, é que o equipamento tenha uma porta USB, que permite a conexão ao PC e a outros MP3 players.

De acordo com o coordenador de vendas de produtos técnicos da Fnac, Michel Barlatti Fernandes, não é apenas a música digital que vem roubando espaço dos aparelhos de som. "A venda de systems quase desapareceu por causa do home theater, que alia áudio e vídeo", conta. Fernandes conta que os home theaters mais baratos saem por R$ 700 – mesmo preço de um micro system básico. "As pessoas querem praticidade e não um sistema que apenas toca som", conclui.

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