A Boeing anunciou que desistiu de comprar a divisão comercial de aviação da brasileira Embraer. A gigante norte-americana enfrenta um dos maiores desafios de sua história em decorrência do impacto do coronavírus em todo o setor aéreo.
Em nota, a Boeing afirmou que "exerceu seu direito de rescindir (o contrato) após a Embraer não ter atendido as condições necessárias". A data limite para a desistência do negócio era sexta-feira (24).
Horas depois, a empresa brasileira rebateu e disse que a norte-americana "fabricou falsas alegações" para encerrar o negócio. E prometeu buscar "todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação" do acordo.
As empresas haviam anunciado o acordo de US$ 4,2 bilhões em julho de 2018 e o fim das conversas deixa a empresa brasileira em situação delicada. A companhia americana, no entanto, responsabilizou a fabricante brasileira de aviões pela não conclusão do negócio.
Segundo a Boeing, a joint venture já havia recebido aval "incondicional" da maioria das autoridades reguladoras, com exceção da Comissão Europeia, que iria se posicionar até o dia 7 de agosto.
"A Boeing trabalhou de forma diligente por mais de dois anos para finalizar a transação com a Embraer. Nos últimos meses, tivemos produtivas, mas em última instância, sem êxito, negociações sobre as condições da parceria", diz Marc Allen, presidente da Embraer Partnership & Group Operations da Boeing. "Todos nós trabalhamos para resolver esses pontos antes do prazo mas não aconteceu. É extremamente decepcionante. Mas chegamos a um ponto no qual a continuidade das negociações não iria resolver os problemas restantes."
A Embraer, por sua vez, comunicou ao mercado que "acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o Acordo Global da Operação (MTA) e fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de U$ 4,2 bilhões".
A companhia brasileira também disse acreditar que "a Boeing adotou um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA, devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação".
A Embraer também disse estar "em total conformidade com suas obrigações previstas no MTA e que cumpriu todas as condições necessárias previstas até 24 de abril de 2020".
Os termos e condições aprovados em 17 de dezembro de 2018 definiram a criação de uma joint venture (Boeing Brasil Commercial) contemplando ativos do segmento de Aviação Comercial da Embraer e serviços relacionados (segmento de Serviços & Suporte) com 80% de participação da Boeing e 20% da Embraer.
Em 10 de janeiro de 2019, o governo brasileiro informou que não exerceria seu direito de veto no negócio das duas empresas. A Boeing e a Embraer vão manter sua parceria já existente, assinada em 2012 e renovada em 2016, para a fabricação e apoio conjunto da aeronave militar C-390 Millennium.
Este conteúdo foi atualizado para acrescentar a resposta da Embraer às acusações feitas pela Boeing.
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