Há poucos dias, o motorista encontrava o álcool nos postos de combustíveis de Curitiba com preços abaixo de R$ 1,20 o litro. No entanto, nesta semana os preços subiram rapidamente e hoje é difícil encontrar o álcool a preço abaixo de R$ 1,30 o litro. O custo médio levantado pela reportagem da Gazeta do Povo na tarde de terça-feira (10/07) em 11 postos (nos bairros Batel, Seminário, Mossunguê, Mercês e Centro) foi de R$ 1,34 - alta de 14% sobre pesquisa de 30 de junho, que acusou média de R$ 1,17. O último levantamento oficial, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mostra preços em queda até a semana passada, com média de R$ 1,19 na capital. Em todo o Paraná, o preço é mais alto, de R$ 1,23.
Os revendedores culpam as distribuidoras pelo aumento, que elevaram o preço na semana passada em mais de R$ 0,20. Um posto de bandeira Shell do Centro pagava R$ 1,03 há poucos dias, e hoje paga R$ 1,26 pelo litro. A alta não é justificada pelo preço nas usinas, que subiu apenas 0,27% na semana passada. O preço médio levantado no período pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o álcool anidro foi de R$ 0,66, e de R$ 0,57 para o hidratado (ambos sem impostos).
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis), Roberto Fregonese, concorda que o preço baixo do período de colheita intensa nas usinas durou pouco esse ano, mas cita motivos para o aumento: este mês entrou em vigor decreto federal que eleva a proporção de álcool adicionado à gasolina, o que eleva a demanda e reduz a oferta do produto no mercado. Além disso, o final do período de moagem da cana-de-açúcar, no segundo semestre, tradicionalmente eleva o preço nas bombas.
"Apesar disso, subir R$ 0,20 centavos configura guerra de preços, que ocorre em Curitiba desde fevereiro", diz o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese.
Por outro lado, as férias escolares reduzem a frota da capital em 150 mil veículos - mas não devem forçar a queda de preços, de acordo com o sindicalista.
Outro problema que afeta todo o mercado, segundo ele, é a sonegação. Em Foz do Iguaçu, um único posto mexeu com toda a rede de revendedores nos últimos dias ao baixar o preço do álcool para R$ 0,86 - para Fregonese, indício de irregularidade tributária. "A rede de postos BR Distribuidora, da Petrobrás, decidiu combatê-lo e remarcou o preço para R$ 0,89, com prejuízo de R$ 0,15 por litro e para toda a praça", diz.
Gasolina
A gasolina ficou 7% mais cara nos últimos 10 dias, de acordo com o levantamento da reportagem, com preço médio de R$ 2,36 nos postos visitados na tarde de ontem. Já pela pesquisa da ANP, até o sábado passado o preço médio era de R$ 2,23.
No Paraná, a média levantada pela agência foi de R$ 2,27, mas o estado tem um motivo a mais para temer novas altas. Esta semana, entrou em vigor a Resolução 69/2007 da Secretaria de Estado da Fazenda, elevando a margem de valor agregado (MVA) considerada na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 63,31%, nas vendas estaduais, e 120,69% nas operações interestaduais. A MVA representa o lucro que o estado presume que os revendedores estão tendo. O imposto é cobrado por substituição tributária no preço formado pela distribuidora. As alíquotas cobradas sobre as margens de valor agregado são, respectivamente, de 26% e 12%.
O preço da gasolina tomado como base pelo governo do estado na tributação também mudou, passando de R$ 2,46 para R$ 2,53.