300 mil casas ficam sem luz no Paraná
Cerca de 300 mil domicílios paranaenses ficaram sem energia, segundo a Copel. A companhia informou que a interrupção no fornecimento foi determinada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).
Em nota, a estatal paranaense informou que cortou 320 MW de carga do sistema elétrico no estado, o equivalente a 6% da carga total, às 14h54, mas não informou em quais cidades. "A manobra foi acionada pelo Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) e teve seu ápice por volta das 15h15, momento em que 300 mil domicílios de diferentes regiões do Paraná tiveram o fornecimento de energia interrompido", informou.
Por volta das 16 horas, a situação já havia sido normalizada. Em dias normais, a carga é de 5,4 mil MW em todo o estado. Nenhuma unidade essencial como hospitais, corpo de bombeiros e órgãos públicos foi afetada, segundo a Copel.
Explicação
Pressão sobre o sistema nacional causou corte, diz ONS
Das agências
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou, em nota oficial, que a elevação da demanda por energia no horário de pico motivou os cortes de carga de energia. Segundo o órgão, também houve "restrições na transmissão de energia do Norte e Nordeste" para a Região Sudeste.
Segundo o ONS, esses fatores provocaram a redução na frequência elétrica com consequente perda de unidades geradoras de usinas que totalizam 2.200 megawatts (MW), entre elas, Angra 1. Com desligamento de usinas, a frequência elétrica caiu a valores da ordem de 59 hertz (hz), quando o normal é 60 hz. "Visando restabelecer a frequência elétrica às suas condições normais, o ONS adotou medidas operativas em conjunto com os agentes distribuidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, impactando menos de 5% da carga do Sistema Interligado Nacional", disse, em nota.
O presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, minimizou o risco de se repetir hoje o apagão, mas admitiu que "Lei de Murphy existe". Segundo ele, este foi um problema conjuntural e o risco de faltar luz nesta terça-feira "é quase nulo". "Não vou dizer que não vá ocorrer. Mas esse risco é quase nulo. Seria o azar do azar."
Mercado
Na Bolsa, ações de elétricas despencam após apagão
Folhapress
O apagão de ontem fez as ações das companhias de energia despencarem na Bolsa de Valores de São Paulo, que abriu a semana em baixa após duas altas consecutivas. O medo de um racionamento de energia no país, segundo analistas, também intensificou a perda das ações de outros setores importantes da Bolsa, como o de bancos e o de matérias-primas, visto que uma crise elétrica causaria impacto negativo para o já enfraquecido desempenho econômico do Brasil. O temor pressionou o dólar, que subiu para R$ 2,64.
A Copel caiu 5,99%, para R$ 32,15, enquanto as ações preferenciais da Eletrobras, com direito a voto, perderam 4,26%, para R$ 7,41. Os papéis ordinários da estatal, com direito a voto, tiveram desvalorização de 3,92%, para R$ 5,39. O índice de energia elétrica da Bovespa teve baixa de 4,61%.
O analista Felipe Miranda, da Empiricus Research, avalia em nota que o apagão reforça "a tese de colapso do setor elétrico do país". "A coisa vai piorar. Já se fala em queda de 1,5% do PIB [Produto Interno Bruto] caso haja racionamento de energia", diz.
Um apagão ordenado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) deixou sem energia 11 estados, de três regiões do país, e o Distrito Federal, no meio da tarde de ontem. Além do DF, o corte não programado atingiu Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. A interrupção teve início por volta das 15 horas e foi sendo normalizada gradativamente, encerrando-se por volta das 16 horas.
INFOGRÁFICO: Veja como funciona o sistema de energia elétrica no Brasil
Inicialmente, o ONS não informou o motivo do desligamento, nem as áreas atingidas. Mais tarde, em nota oficial, afirmou que "restrições na transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste, aliadas à elevação do consumo no horário de pico", motivaram as interrupções (leia mais nesta página).
Pelo menos 2.770 megawatts (MW) foram retirados do sistema elétrico do país durante a queda de energia. O número leva em consideração as cargas comunicadas pelas empresas AES Eletropaulo (700 MW), CPFL Energia (800 MW), Copel (320 MW), Light (500 MW), Elektro (200 MW), CEEE (100 MW) e Celesc (150 MW). O tamanho do corte, contudo, deve ser mais expressivo, já que várias empresas não divulgaram detalhes sobre a interrupção.
O consumo de energia tem batido recordes neste primeiro mês do ano. Na terça-feira da semana passada, o consumo nacional chegou a 85.391 MW às 15h38, índice muito próximo do recorde histórico de 85.708 MW, do dia 5 de fevereiro de 2014. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, recomendou aos usuários que reduzissem o consumo de luz, mas descartou a necessidade de racionamento.
Situação crítica
Independentemente da explicação oficial do ONS, especialistas apontam uma conjunção de fatores que resultaram no apagão. O professor Adilson de Oliveira, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que o corte é resultado do baixo nível dos reservatórios de hidrelétricas aliado às altas temperaturas.
"O verão está muito forte e o nível dos reservatórios está em patamares alarmantes. Isto significa que as térmicas estão funcionando na máxima. E, com o calor, o consumo fica alto", afirma. Segundo ele, manter as termelétricas funcionando na máxima durante todo o ano é um risco. "Por isso, medidas desse tipo são tomadas. Às vezes a única forma de evitar apagões generalizados no país todo é fazer esses cortes temporários."
Para Roberto Pereira DAraújo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), o episódio tem a ver com a crise hídrica. "Problemas estruturais causam outros problemas conjunturais. Quando os reservatórios estão baixos e você precisa que as turbinas gerem mais energia, elas não conseguem. Para resolver o problema, até para não consumir água em excesso, é melhor você cortar carga temporariamente", afirma.
Ambos consideram que as perspectivas para o setor elétrico não são boas. "Estamos andando muito próximo ao precipício. A situação estrutural é grave. Reservatórios não esvaziam apenas porque não entra água e sim também porque usaram demais", diz D´Araujo. "Se a temperatura continuar elevada e a chuva não vier, infelizmente fenômenos como este vão se repetir com alguma frequência neste ano", completa o professor Oliveira.
Passageiros ficam presos e andam por túneis do metrô
Folhapress
Com o apagão, passageiros que estavam no metrô de São Paulo chegaram a ficar 50 minutos presos dentro de um trem com ar-condicionado desligado na tarde de ontem.
A circulação da linha 4-amarela foi completamente interrompida por volta das 15 horas. O ar-condicionado dos trens foi desligado e os passageiros se viram forçados a acionar os botões de emergência. Muitos caminharam pelos túneis entre as estações.
No mesmo horário, a cidade de São Paulo registrou 36,5ºC, maior temperatura desde o início do verão, segundo o Inmet. "O trem parou no meio do túnel, tudo escuro, sem ar-condicionado. Estava muito lotado, e as pessoas começaram a passar mal. Demorou 50 minutos para voltar a andar", conta o auxiliar de cozinha Alex Gonçalves, 36. Ele mora em Osasco e, por causa da paralisação, demorou três horas para chegar em casa.
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