Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Mercado

Em dia instável, Bolsa fecha em alta impulsionada por Petrobras e Vale

O Ibovespa - principal índice de ações da Bolsa brasileira- fechou nesta terça-feira (16) em alta de 0,28%, a 46.869 pontos, influenciado pelo avanço de papéis da Petrobras, Vale e Banco do Brasil. "Essas ações possuem forte peso no índice e sustentaram o ganho no final do dia, apesar de o Ibovespa ter oscilado entre perdas e ganhos", diz Wagner Caetano, diretor da Cartezyan. O índice chegou a subir mais de 1% pela manhã e a cair 0,7% no início da tarde.

No mercado de câmbio, o dólar à vista -referência para as negociações no mercado financeiro- teve valorização de 0,3%, cotado em R$ 2,248 na venda. O dólar comercial -utilizado no comércio exterior- subiu 1,34%, para R$ 2,254.

Segundo Caetano, o mercado de ações brasileiro subiu nos últimos dois dias com uma procura maior de investidores estrangeiros. "Nossa Bolsa caiu bastante desde o início do ano [-23,1%], por isso muitos desses investidores estão aproveitando para comprar papéis que ficaram "muito baratos" no mercado nacional", avalia.

Os papéis mais procurados pelos estrangeiros, das gigantes Petrobras e Vale, fecharam hoje em alta. As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) de ambas as empresas tiveram ganhos de 1,35% e 1,86%, respectivamente, para R$ 15,75 e R$ 27,87. Já os papéis ordinários (com direito a voto) da Petrobras avançaram 1,56%, para R$ 14,97, enquanto os da Vale mostraram valorização de 3,65%, para R$ 31,23.

O Banco do Brasil também deu força ao avanço do Ibovespa hoje, subindo 2,83% após o Bank of America Merrill Lynch ter elevado a recomendação para a ação do banco para neutra.

O setor imobiliário, porém, foi o que liderou os ganhos do Ibovespa no dia, com Brookfield e MRV subindo mais de 3,6% cada. A segunda divulgou ontem resultados trimestrais considerados positivos pelos analistas, que esperam o mesmo para as demais companhias do segmento.

Segundo Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, os investidores mostraram cautela hoje enquanto esperam por declarações de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve -banco central dos EUA-, nesta semana. "O mercado espera que Bernanke dê sinais mais claros sobre quando o Fed vai começar a cortar estímulos econômicos no país", diz Galdi.

Grupo X

Puxando a ponta negativa do Ibovespa, as ações da OGX, petroleira de Eike Batista, caíram 3,92%, para R$ 0,49. Na noite de ontem, a agência de classificação de risco Moody's piorou pela segunda vez neste mês a avaliação sobre a capacidade da OGX de honrar dívidas. A nota da empresa foi rebaixada em dois degraus -de "Caa2" para "Ca", penúltimo nível na escala da agência. "Não podemos associar a queda de hoje apenas com o rebaixamento da nota pela Moody's", diz Daniel Cunha, analista da XP Investimentos. "É um conjunto de fatores que afeta os papéis da OGX", completa.

Segundo o analista, os investidores da petroleira de Eike estão mais preocupados com que a empresa tenha sucesso em sua campanha exploratória no campo de Tubarão Martelo. "Esse é o último tiro que a OGX pode dar. A última saída", afirma.Outro fator de preocupação para os acionistas da OGX, diz Cunha, é a indecisão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) sobre aceitar ou não o campo de Tubarão Azul como garantia da OGX ao programa exploratório mínimo dos blocos adquiridos pela empresa na 11ª rodada de licitações, realizada em abril.

"A OGX foi ousada nesse leilão, oferecendo o terceiro maior bônus de assinatura (taxa cobrada para que a empresa tenha o direito de explorar blocos) da rodada. Ninguém esperava por isso", afirma Luana Helsinger, analista do GBM (Grupo Bursatil Mexicano).

Luana lembra que, na época do leilão da ANP, a OGX havia acabado de firmar a venda de 40% do campo de Tubarão Martelo à Petronas, estatal da Malásia."Havia perspectiva de entrada de caixa por causa dessa operação", avalia. "O problema foi que a OGX não contava com os custos da quebra de contrato com a OSX, em que cancelou a produção de cinco plataformas", completa Luana.

De acordo com os analistas, o corte na nota de crédito da OGX, porém, é importante para as futuras captações de recursos da petroleira. "Caso a campanha de Tubarão Martelo não dê certo ou precisse de mais investimentos, a OGX terá que captar recursos no mercado. Com uma nota de crédito ruim, também serão menores as possibilidades que a empresa terá para conseguir esse dinheiro", explica Cunha.

"Mas não acho que os recentes cortes [na nota de crédito pelas agências de classificação de risco] sejam alarmantes. Vejo como algo natural para uma empresa que enfrenta uma situação difícil", completa o analista da XP. Outras empresas de Eike Batista também caíram hoje, como MMX (-2,19%, R$ 1,34) e LLX (-1,35%, R$ 0,73).

Use este espaço apenas para a comunicação de erros