A queda de 8,8% da Bolsa de Valores de Xangai nesta terça-feira - a maior desde 1997 - faz com que a Bolsa de Valores de São Paulo recue 7,83%, a 42.621 pontos, com volume financeiro de R$ 4,545 bilhões. Segundo analistas, o mercado está zerando suas posições, com um forte movimento de venda de ativos.
Também contaminado pelo cenário externo, o risco-país sobe 8,84%, a 197 pontos básicos. Já o dólar tem alta de 1,73%, a R$ 2,12, ampliando ainda mais seus ganhos depois de um movimento de compra do Banco Central.
Apesar do alerta do presidente do Banco Central. Herique Meirelles, sobre a necessidade de se manter a parcimônia na política econômica , o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a crise da bolsa da China é passageira .
- A expectativa dos analistas é de que será uma crise passageira. Aliás, vamos chamar de turbulência. Eu não chamaria de crise exatamente. É normal que esse mercado (chinês) tenha correções. É só ver que a valorização do mercado acionário chinês foi de 160% no ano passado. Mas não vejo um problema de longa duração. Vejo problema de curta duração que poderá causar alguma oscilação - disse o ministro.
- Acho que (o comportamento dos mercados) de fato é um aviso de que nós não podemos basear a política econômica em dados de euforia momentânea. Nós temos que fazer uma política que seja sustentável a médio prazo - disse Meirelles ao Senado, quando questionado sobre o ritmo de corte do juro diante da melhora do risco Brasil, entre outros indicadores.
Apesar do susto desta terça-feira e da sinalização de prudência dada por Meirelles, o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que os problemas são referentes à regulamentação do mercado de ações da China e que não deverão afetar a economia de outros países emergentes no longo prazo.
A China anunciou medidas para restringir a tomada de empréstimos bancários para a compra de papéis e para evitar a negociação de ações de empresas fantasmas. O país também está aumentando o controle sobre o capital estrangeiro.
- O mercado da China ainda é muito incipiente e há agora uma disposição para regulamentar tudo. Mas, por enquanto, essas medidas ainda não afetam a economia real. É só um susto diante de algumas impressões sobre o que pode vir a acontecer - diz.
Segundo o especialista, se a crise se agravar, aí sim, poderá afetar outros emergentes.
- Quando a China vai mal, isso tem repercussão em todo o mundo. Há o receio de redução de demanda por commodity e do consumo global, o que afeta todos os mercados.
Para o superintendente de renda variável da Banif Corretora de Valores, Nami Neneas, a crise deverá ser sentida aqui apenas no curto prazo. Com o tempo, no entanto, diz, a restrição a investimentos estrangeiros na bolsa de Shangai poderá ser até mesmo benéfica para a Bovespa.
- O mercado caiu lá e o investidor estrangeiro foi o primeiro que vendeu. Isso criou uma onda que agora está afetando o Brasil, mas não contagia a economia. Nossa inflação está sob controle, além de contarmos com reservas excepcionais. O investidor que saiu de lá pode agora estar olhando para o Brasil
No mercado de juros futuros, os contratos com vencimento em janeiro de 2008 projetavam taxa de 12,120% ao ano, com alta de 0,07 ponto percentual.
As bolsas européias tiveram a maior queda desde maio de 2003. As bolsas americanas também ampliaram suas quedas. O Dow Jones recua 3,42%, a 12.207 pontos. O Nasdaq cai 3,67%, a 2.412,53 pontos. O S&P, por sua vez, despenca 3,47%, a 1.399,13 pontos.
A Fundação Getúlio Vargas divulgou nesta terça-feira que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de fevereiro subiu 0,27% , contra 0,5% em janeiro.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de fevereiro ficou em 0,46% .
No cenário externo, dados divulgados pelo Conference Board mostram que o consumidor americano ficou mais confiante em fevereiro.
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