| Foto: Rafael Matsunaga /Fotos Públicas

A Bovespa é negociada no patamar mais baixo em quase dez anos, levando em conta seu desempenho em dólar. Com o tombo do Ibovespa na segunda-feira, 24, dia de forte aversão a ativos de risco nos mercados globais, a bolsa doméstica acumula perda de 33,78% neste ano na moeda americana, retomando níveis de setembro de 2005, segundo levantamento do professor de Finanças Alexandre Cabral.

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A título de comparação, em reais, o Ibovespa contabiliza queda de 10,92% em 2015 até o fechamento terça-feira (25). Mas mesmo com o fato de a bolsa ter ficado mais barata em dólar, os investidores estrangeiros vêm reduzindo suas compras no mercado acionário doméstico nos últimos meses.

Em julho, pela primeira vez no ano, o saldo mensal de recursos externos na Bolsa ficou negativo em R$ 567 milhões. E, neste mês, o desempenho deve ser semelhante, com as saídas superando as entradas de recursos novamente. Os estrangeiros retiraram R$ 2,221 bilhões até sexta-feira passada, conforme dados da BM&FBovespa. No ano, no entanto, ainda há um superávit de investimentos estrangeiros de R$ 18,7 bilhões.

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Para o professor Alexandre Cabral, a saída de estrangeiros da bolsa chama a atenção e pode ser preocupante, principalmente se esse movimento for além de um mero ajuste passageiro. “A bolsa voltou dez anos no tempo em dólar e, em vez de eles estarem comprando, os estrangeiros estão saindo. É preocupante. Esse é um comportamento que deve se manter, caso não tenha nenhuma mudança de impacto aqui ou no exterior. De qualquer forma, não consigo ver uma enxurrada de dinheiro de estrangeiro entrando nos próximos meses.”

Cabral atribui a recente saída líquida de recursos externos da bolsa a um conjunto de fatores, entre eles a trajetória de desvalorização dos preços das commodities no mundo, em meio a um contexto de desaceleração da China, o que afeta diretamente os resultados de companhias de peso no Ibovespa, como Petrobras e Vale.

Na segunda-feira, por exemplo, temores em torno da saúde da segunda maior economia do mundo derrubaram os preços do petróleo e dos metais, levando junto as ações dessas blue chips, que derreteram aos menores níveis em quase dez anos.

No âmbito político, o esforço do governo no sentido de aumentar impostos para melhorar o resultado fiscal também assusta os investidores estrangeiros. Nos últimos meses, o setor bancário vive sob pressão de uma possível elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do fim da dedutibilidade dos Juros sobre Capital Próprio (JCP).

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