Os servidores da Companhia de Informática do Paraná (Celepar), que iniciaram greve nesta quarta-feira (4), fizeram manifestações em frente às duas entradas do órgão, na Rua Nilo Peçanha e na Rua Mateus Leme, no bairro Centro Cívico, desde as 6 horas. De acordo com os grevistas, aproximadamente 500 trabalhadores participaram dos protestos em frente aos acessos do prédio durante toda a quarta-feira, liberando a entrada apenas de um contingente mínimo para a manutenção de serviços essenciais.
Um novo ato deve acontecer por volta da 00h30 desta quinta-feira (5), pois haverá troca de turno dos funcionários. O movimento será retomado às 6 horas da quinta-feira.
Os trabalhadores reivindicam que a empresa cumpra o que havia sido negociado no acordo coletivo. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Informática e Tecnologia da Informação do Paraná (Sindipd-PR), a Celepar reduziu benefícios (como o auxílio-creche e o auxílio-educação); não definiu como será feita a compensação das horas acumuladas no banco de horas; e não prosseguiu com as negociações para o estabelecimento do plano de cargos e salários e nem do programa de participação dos lucros.
A Celepar é responsável pelo desenvolvimento e manutenção de todos os sistemas de informática utilizados pelo governo estadual. O Sindicato dos Trabalhadores em Informática e Tecnologia da Informação do Paraná (Sindipd-PR), que representa os empregados do órgão, garante que os prejuízos para a população serão mínimos. "Bancos de dados como a central de leitos da rede pública de saúde, o monitoramento da distribuição de medicamentos e os sistemas da Polícia Civil e da Polícia Militar (PM), por exemplo, serão mantidos normalmente", diz Carlos Gustavo de Andrade, diretor do Sindipd-PR.
"Deixaremos de atender os sistemas da Secretaria da Fazenda, do Departamento de Trânsito (Detran), por exemplo, mas sabemos que os próprios órgãos têm planos de contingência para garantir o atendimento à população", afirma. Ao todo, a Celepar tem 1,1 mil servidores, dos quais cerca de 15% estão trabalhando, segundo Andrade.
Ainda de acordo com o Sindipd-PR, não há reuniões de negociação agendadas para os próximos dias com o governo.
Já a Celepar, em nota, afirmou a greve foi deflagrada por causa da redução das horas extras. Segundo a empresa, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) enviou ofício à Celepar afirmando que havia excesso de pagamento de horas extras e que a questão teria que ser normatizada. A empresa afirmou que alguns trabalhadores aumentaram seus salários em até cinco vez com o benefício. "Nos últimos meses os gastos da empresa com o pagamento de trabalho extraordinário - mais os encargos - chegaram a R$ 360 mil por mês. O mais grave é que esse montante foi gasto para o pagamento de apenas 12% dos funcionários da Celepar", salientou a nota da Celepar.
Reivindicações
Umas das motivações da greve dos servidores da Celepar é o estabelecimento do plano de cargos e salários. Ao longo da greve o Sindipd-PR também pretende discutir a diferença salarial que existe com os trabalhadores de outras empresas públicas que fazem o mesmo serviço, como a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que prestam serviços para os órgãos federais. "Um plano de cargos e salários sério irá reduzir as diferenças entre os recebimentos na Celepar e em outras empresas, como a Serpro e a Dataprev", disse Andrade, diretor do Sindipd-PR. "O salarial inicial de um analista de sistemas é de R$ 3,9 mil no Serpro, enquanto que na Celepar é de R$ 2,3 mil", completou. O sindicato reclama ainda que no último ano a empresa deixou de pagar ou dar folgas referentes a 60 mil horas-extras trabalhadas.
A assessoria de imprensa da Celepar, por outro lado, diz que o acordo coletivo foi assinado entre as partes - em comum acordo. Sobre a questão das horas-extras, a empresa alega que recebeu um ofício do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) que afirmava que havia excesso de pagamento de horas-extras e, por isso, teve de reduzir o benefício.
Campanha salarial
Os servidores do Serpro e da Dataprev também estão em campanha salarial. No Serpro, os trabalhadores entram nesta quarta-feira no 14º dia de greve e aguardam a apresentação de uma nova proposta por parte do governo federal. A paralisação afeta, principalmente, o atendimento na Receita Federal, de acordo com o Sindipd-PR. Os serviços não estão paralisados, por serem considerados essenciais, mas há a possibilidade de ocorrer atrasos por causa do número reduzido de trabalhadores.
Já na Dataprev, os servidores suspenderam uma greve depois que o governo ingressou no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com pedido de dissídio coletivo. Caso não haja acordo, os trabalhadores podem retomar a paralisação, por tempo indeterminado, no dia 13 de novembro.