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Mercado financeiro

Em meio à crise, Bovespa atrai investidor individual

A crise financeira não espantou o investidor de varejo do mercado acionário. Ao contrário, o que tem sido notado nos últimos meses é a ampliação do número de investidores pessoa física na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em novembro, a instituição contabilizou 548,7 mil investidores desse tipo cadastrados. Em outubro, eram 542,1 mil. Em maio, quando a Bovespa atingiu seu pico histórico, havia 486,7 mil investidores individuais.

O investidor pessoa física também assumiu a liderança das operações realizadas nos pregões. A categoria respondeu por 34% do total negociado na Bovespa em novembro, deixando para trás os estrangeiros (que responderam por 33,5% do total) e os investidores institucionais (23,8%). A categoria não assumia a liderança dos negócios desde 2004. "A crise educou as pessoas na marra. Quem não estava preparado para as oscilações do mercado acionário levou uma pancada e ficou com uma lição’’, diz Mauro Calil, professor e educador financeiro.

Entre 2003 e 2007, o índice Ibovespa, o mais relevante do mercado acionário brasileiro, se apreciou em 467%. Neste ano, a desvalorização da bolsa está acumulada em 38,37%. "Há pessoas que estão vendo que o mercado já caiu bastante e criou oportunidades. Outras, que entraram no pico da bolsa, viram os ativos se depreciarem muito e estão à espera de uma melhora do mercado’’, explica Calil.

O aumento da participação do investidor de varejo também tem sido fundamental para evitar uma queda ainda mais expressiva da Bovespa. Isso porque, com o agravamento da crise internacional, os investidores estrangeiros, que costumam ser a categoria que mais negocia na bolsa paulista, fugiram do mercado acionário local.

As operações dos investidores individuais no mês passado na bolsa tiveram saldo positivo de

R$ 572,4 milhões – ou seja, mais compraram que venderam ações nesse montante. No mesmo período, o saldo das operações dos estrangeiros ficou negativo em R$ 1,15 bilhão. "Há tempos os profissionais vêm falando que bolsa é investimento de longo prazo. E o investidor brasileiro demonstra que começa a compreender isso", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas.

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