Em meio a um cenário de redução no número de alunos na educação superior privada, o ensino a distância (EaD) tem se mostrado como uma alternativa para impulsionar o desenvolvimento do segmento. Nos últimos anos o número de matrículas no EaD apresentou um crescimento maior, em comparação com os cursos presenciais – de 2004 a 2014 a participação da modalidade no setor foi de 0,8% a 20,5%. Os números são de um estudo divulgado recentemente pela Hoper Educação. De acordo com a pesquisa a previsão é que este aumento continue nos próximos anos, com uma projeção que indica um salto de 1,2 milhão para 1,96 milhão de matrículas no EaD, em comparação com uma queda de 4,6 milhões para 4 milhões na modalidade presencial, até 2018.
Entre os motivos apresentados para este crescimento estão a redução da renda provocada pela crise econômica, aliada à uma diminuição na oferta do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). De acordo com o pró-reitor da Universidade Positivo, Carlos Longo, se antes só procurava o EaD quem não podia se locomover até uma instituição de ensino, hoje a busca por esta alternativa é motivada também pelo custo do investimento. “Com a retração do Fies o mercado retorna ao seu estado normal, com uma tendência de aumento na procura pelo ensino a distância,” explica Longo.
O aumento na demanda do mercado provoca uma tendência de avanço natural no valor das matrículas no EaD, que ainda assim se mantém como uma alternativa para quem busca economizar nos estudos. Para o diretor de ensino a distância do Grupo Opet, Pedro Andrioli, o perfil dos alunos que procuram a modalidade de educação online também mudou. “Aos poucos este formato de ensino foi vencendo o preconceito e os motivos para adesão ao modelo deixaram de ser apenas a localização e o preço,” comenta Andrioli.
Segundo o presidente do Grupo Uninter, Wilson Picler, esta mudança do mercado se deve essencialmente à redução no financiamento estudantil. Para ele, as instituições que antes tinham seu crescimento alavancado pelo Fies devem se reinventar para enfrentar as dificuldades dos próximos anos e continuar trazendo retorno para seus investidores. “A restrição do financiamento estudantil é o epicentro desta discussão,” afirma Picler. Com 150 mil alunos no ensino a distância, o Grupo Uninter só perde para a gigante Kroton, que tem mais de meio milhão de alunos na modalidade digital.