Reforçando a aposta nos chamados serviços de valor agregado (SVAs), a Telefônica Vivo apresentou nesta segunda-feira (17) uma nova plataforma de streaming de vídeo que promete ser, nas palavras do presidente da operadora, Amos Genish, o “Netflix dos celulares”. A iniciativa é uma parceria da empresa com a francesa Vivendi - antiga dona da paranaense GVT, que acabou sendo vendida para a Vivo em 2014.
O serviço, batizado de Studio+, trará séries com episódios de curta duração, produzidos, roteirizados e filmados com a intenção de serem vistos na tela do celular. Cada episódio tem uma duração média de apenas dez minutos e uma temporada completa, por sua vez, contará com 10 episódios. Quem contratar o serviço, a partir de hoje, já terá à disposição 15 séries de diferentes gêneros, como terror, romance, drama e suspense, além de mais de 200 curta-metragens.
A plataforma, no entanto, estará disponível no Brasil inicialmente apenas para clientes da Vivo - a operadora tem um contrato de exclusividade de três anos com a Vivendi, que é quem produz e banca as filmagens. Segundo o presidente da Vivendi Content, Dominique Delport, a companhia francesa investiu US$ 40 milhões para bancar a primeira safra de séries.
“Hoje, não há um conteúdo cinematográfico premium exclusivo para celulares. Assistir a um vídeo no celular é uma experiência mais intimista, mais pessoal, diferente da tela grande da TV ou do cinema. Queremos criar um novo tipo de cultura pop”, afirmou Delport, na coletiva de imprensa do lançamento, que ocorreu durante a Futurecom, maior feira de TI, telecomunicações e internet da América Latina, que ocorre nesta semana em São Paulo.
O serviço também será lançado, nas próximas semanas, em outros mercados, como a Europa, Estados Unidos e mais países da América Latina - e contará com parcerias com outras operadoras locais.
Estratégia
O lançamento do Studio+ se soma a outras iniciativas recentes da Vivo para tentar ganhar mercado (e receita) fora do serviço tradicional da operadora, de voz e dados. Hoje, a Vivo conta com cerca de 80 SVAs disponíveis para clientes, que vão desde cursos de línguas e dicas de receitas a plataformas de música, e podem ser contratados via SMS.
Só no primeiro semestre deste ano, a operadora registrou uma receita de R$ 946,4 milhões com os serviços de valor agregado. Atualmente, dados e SVAs já correspondem juntos a 55,7% da receita líquida de serviços móveis da operadora.
“Nossa relação com o cliente vai além da conectividade e já há algum tempo começamos a desenvolver um leque de serviços que comprova isso. Fomos crescendo na penetração desses serviços e trazendo novidades quase sempre por meio de parcerias, como estamos fazendo com o Studio+”, relatou o vice-presidente executivo de Marketing e Vendas da Vivo, Christian Gebara.
O lançamento do Studio+ vem pouco mais de dez dias depois da chegada de outra aposta da operadora no streaming de vídeo, o Watch Music - nesse caso, trata-se de vídeos de shows e apresentações musicais de artistas brasileiros e internacionais. Neste mês, a operadora vai transmitir o primeiro show ao vivo pela plataforma, em tempo real, com a cantora Paula Fernandes.
O presidente da Telefônica Vivo, Amos Genish - que fica apenas até o fim do ano na empresa - reforça que a chegada do Studio+ e dos demais serviços fazem parte de uma estratégia mais ampla da companhia, que quer deixar de ser vista como uma empresa de telefonia para ser uma “provedora de serviços digitais”.
O movimento é também uma maneira de tentar fazer frente aos chamados serviços “over the top”, ou OTTs, como Netflix e WhatsApp, que utilizam a conexão fornecida pelas teles para chegar aos clientes. A queda de braço das operadoras “tradicionais” com essas novas empresas é antiga e envolve inclusive a reivindicação, por parte das teles, de que esses serviços sejam regulados ou paguem um “extra” pelo uso massivo da rede de dados.