Economistas reunidos neste sábado (17) no Fórum de Desenvolvimento da China, que conta com a participação de líderes empresariais de diversas multinacionais e representantes de organismos como a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, demonstraram seu pessimismo com o futuro econômico da União Europeia (UE), apesar da recente aprovação do segundo resgate à Grécia.
"Para países como Grécia, Espanha, Itália e Portugal, existe o risco de que a recessão se torne a sua forma de vida", destacou o diretor-executivo da HSBC Holdings, Stuart Gulliver, que lamentou o círculo vicioso que enfrentam estas nações devido às políticas de austeridade que se viram obrigadas a adotar.
"Isso leva a um menor crescimento, traz menor receita fiscal, maior déficit fiscal e, novamente, produz mais austeridade", avaliou Gulliver, acrescentando que, embora o risco imediato de uma crise financeira tenha desaparecido com o segundo resgate grego, os grandes desafios para os 27 países da UE (crescimento, desequilíbrios e uma futura união fiscal) perduram.
Para outro dos conferentes, o membro da Academia Chinesa de Ciências Yu Yongding, os empréstimos do Banco Central Europeu "só podem resolver os problemas mais imediatos, mas é necessária a consolidação da união fiscal" para que a estrutura econômica da UE seja sólida a longo prazo, "embora seja preciso apoio público para isso".
Yu lamentou que "alguns países europeus não tenham a habilidade econômica para consolidar suas medidas de austeridade", e destacou que a China sofrerá por isso, já que é possível que se recorra à desvalorização do euro para resolver os problemas creditícios, "e o primeiro a sofrer seria seu principal credor, a economia chinesa".
O analista chinês assegurou que a UE deveria ter tomado algumas das medidas atuais "há 20 anos e deve limpar sua casa antes que a China estenda sua mão amiga por meio de apoio financeiro".
Na mesma mesa de discussões, o ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca Austan Golsbee foi um dos mais pessimistas, avaliando que o segundo resgate à Grécia "só serve para dar dois anos mais para que os Governos busquem autênticas soluções".