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briga de gente grande

Em prol da privacidade, Apple bloqueia acesso de Facebook a apps internos e cria caos na rival

O CEO da Apple,Tim Cook , no auditório da sede da empresa, em Cupertino. Ele virou uma voz em prol da privacidade na indústria da tecnologia. | David Paul Morris/Bloomberg
O CEO da Apple,Tim Cook , no auditório da sede da empresa, em Cupertino. Ele virou uma voz em prol da privacidade na indústria da tecnologia. (Foto: David Paul Morris/Bloomberg)

Na quarta-feira (30), a Apple deu um passo a mais na crítica de suas rivais quanto à privacidade e bloqueou o acesso de funcionários do Facebook aos aplicativos de desenvolvimento interno da plataforma para o sistema iOS.

A Apple reiniciou o Facebook a partir de um programa que permite que empresas com autorização específica distribuam seus aplicativos sem passar por um processo de revisão da Apple. Com a ação, a empresa mostrou mais uma vez o controle que possui sobre quais serviços podem, de fato, operar em seus dispositivos. O embate ocorreu depois que a Apple acusou a rede social de quebrar regras e usar o programa de desenvolvimento para enviar um aplicativo de pesquisa que coleta dados privados de telefones em troca de dinheiro (US$ 20 por mês), mesmo de adolescentes de até 13 anos de idade.

A decisão da Apple acabou por instalar o caos no Facebook, já que os funcionários da rede social não conseguiam acessar nem aplicativos internos, usados para serviços corporativos como transporte e alimentação, nem as versões de novos aplicativos desenvolvidos para o sistema iOs e que ainda não foram divulgados para o público em geral, e nem as versões internas dos próprios aplicativos do Facebook, Workplace e Messenger. O primeiro relato sobre essas consequências da ação da Apple contra o Facebook foi dado pelo site especializado em negócios Business Insider ainda na quarta-feira (30).

“A Apple tem uma vantagem sobre o Facebook e está usando”, disse Matt Stoller, pesquisador do Open Markets Instituto.

Muitos defensores da privacidade acreditam que a Comissão Federal de Comércio (Federal Trade Commission, FTC) não esteja preparada para combater essa postura do Facebook, mesmo diante do caso do escândalo da Cambridge Analytica, no qual uma empresa de pesquisa política ligada à campanha Trump obteve os dados dos usuários do Facebook sem o seu consentimento, e a multa pesada aplicada à empresa em razão do caso.

Mas depender de um titã da tecnologia para controlar outro não parece ser a melhor solução.

A Apple,enquanto luta também contra suas próprias falhas de segurança, é uma defensora da privacidade um tanto inadequada. “A Apple está se tornando a FTC de fato [do setor de tecnologia, agindo] na ausência do que supostamente deveria ser e fazer um [órgão] regulador de privacidade na América”, disse Jeffrey Chester, diretor-executivo do Center for Digital Democracy.

Advogados afirmam que o incidente reforça a necessidade de uma lei federal de privacidade mais rígida, bem como o fortalecimento do trabalho da FTC. “O que a Apple fez hoje é significativo, mas é uma pequena gota no mar do segmento tecnológico”, avaliou Chester.

A Apple, é claro, não tem influência sobre o cenário mais amplo das plataformas de tecnologia, como, por exemplo, o sistema operacional Android do Google. “É como se você contratasse um segurança que só protege você quando você entra no quarto, mas o resto da casa está vulnerável aos ladrões”, disse Chester.

Além disso, a Apple está se posicionando como uma forte defensora das regras de privacidade em um momento especialmente difícil para o setor. O estado de Nova York, por exemplo, acaba de abrir uma investigação como resposta a um relatório sobre um bug de segurança no sistema de bate-papo por vídeo da própria Apple, o FaceTime. A falha permitiu que os usuários “espionassem” as pessoas para quem eles estavam ligando antes que a chamada fosse atendida. Como resultado, a empresa teve de desativar um recurso de grupo no FaceTime.

“Este é mais um exemplo assombroso do total desrespeito do Facebook pela privacidade dos dados e de seu anseio de agir de modo anti-competitivo”, disse em comunicado o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut.

Enquanto os legisladores no Congresso calibram seu próximo passo, a Apple vem tentando se estabelecer como líder do setor em privacidade. No início deste ano, o executivo-chefe da Apple, Tim Cook, criticou abertamente a postura de seus concorrentes e o que chamou de “complexo industrial de coleta de dados”.

O porta-voz da Apple, Tom Neumayr, disse em comunicado que o Facebook “violou claramente seu contrato com a Apple”. Assim, a empresa revogou os certificados do Facebook para proteger seus usuários e seus dados.A Apple havia anteriormente banido um aplicativo similar ao Facebook, chamado Onavo Protect, da App Store.

E essa atitude pode não ficar apenas no Facebook: Neumayr disse que a Apple irá remover qualquer desenvolvedor que quebre as regras do programa que permite que companhias distribuam apps aos usuários da companhia.

O TechCrunch informou na quarta (30) que o Google também estava usando o programa para enviar um aplicativo de coleta de dados semelhante ao do Facebook aos consumidores. Depois de procurado pelo site, o Google disse removeria o aplicativo ainda na quarta (30). Neumayr não respondeu quando perguntado se a Apple também desativaria o certificado do Google.

Embora a Apple tenha se tornado uma crítica afiada de seus colegas do setor, a gigante de Cupertino continua profundamente ligada às outras empresas de tecnologia. Sua App Store é a principal maneira de empresas como o Facebook e o Googles enviarem seus aplicativos para iPhones e outros dispositivos da Apple.

Nilay Patel, editor-chefe da Verge, observou que seria masoquista da parte da Apple ir além da proibição e da remoção de aplicativos do Facebook da App Store principal porque eles são parte fundamental do tempo que as pessoas gastam nos dispositivos da Apple. “Lembrete: se a Apple realmente expulsasse o Facebook da App Store seria algo catastrófico para a plataforma deles”, escreveu ele nas mídias sociais.

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