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Trabalho

Em quatro anos, aumento de 67,38%

 | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
(Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo)

Os acordos salariais e de benefícios dos trabalhadores do setor metalúrgico de Curitiba e Região Metropolitana (RMC) garantiram um aumento de 67,38% da massa salarial do segmento nos últimos quatro anos, sem descontar a inflação do período. O cálculo é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR) e considera nessa conta outros benefícios, como a Participação nos Lucros e Resultado (PLR), o abono salarial e o vale-mercado. Com isso, o Dieese afirma que a classe é uma das que contabilizaram um dos maiores ganhos do estado no período.

Conforme o levantamento do Dieese, a massa salarial dos metalúrgicos da região, que somou R$ 2,393 bilhões entre 2010 e 2013, representou 23,5% dos ganhos totais dos trabalhadores de Curitiba e RMC, que ficou em R$ 10,186 bilhões no mesmo período. Em comparação com a massa salarial dos trabalhadores do estado, que foi de R$ 18,443 bilhões, os metalúrgicos representaram 12,98%.

Segundo o economista do Dieese-PR Sandro Silva, a análise não considera os descontos da inflação, porque o índice não incide sobre a PLR, que é feita por meio de acordos anuais entre as indústrias e os trabalhadores. Silva conta ainda que, em alguns casos, a Participação nos Lucros e Resultados é somada ao abono dado por algumas empresas, o que engorda o benefício.

Ganhos rápidos

O aumento na PLR, que teve variação positiva de 149,23% nesse período, foi o elemento que mais pesou para o crescimento da massa salarial do setor, seguido pelo vale-mercado, que pulou para 92,14%, e pelo aumento real, que foi de apenas 1,91%. Já o abono salarial teve queda acumulada de 9,95% nos últimos quatro anos.

O crescimento da PLR coincide com a elevação da participação da indústria automobilística na economia brasileira, que em 2011 respondeu por 18,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O segmento automobilístico, que melhor paga os metalúrgicos do estado, também recebeu diversos incentivos do governo federal, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Na opinião do economista, no entanto, o motivo para a participação nos lucros ter puxado os ganhos para cima está na força dos sindicatos nas negociações e ao fato de o benefício representar uma forma mais rápida de os trabalhadores incrementarem a folha salarial.

Por outro lado, Silva afirma que o segmento registrou um menor avanço nas negociações por aumentos reais de salário e nos planos de carreira, o que garantiriam aos trabalhadores mais segurança.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, diz que embora as lutas salariais também incluam esses dois elementos, eles pesam menos nas negociações pela mudança de mentalidade dos trabalhadores, que não planejam mais permanecer por muito tempo nas empresas. "Não existe mais o sonho de se trabalhar numa empresa por 30 anos e se aposentar dentro dela. Os trabalhadores sabem que se eles não se qualificarem, vão ficar para trás", disse o sindicalista.

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