A Bovespa emendou o sétimo pregão consecutivo no vermelho nesta quarta-feira (16), após muita volatilidade, em meio à turbulência política na Grécia, que acentuou temores sobre o futuro da zona do euro e azedou o humor dos investidores.
O Ibovespa fechou em queda de 0,62%, a 55.887 pontos, no menor patamar desde 19 de dezembro. Na máxima, o índice chegou a subir mais de 2%, impulsionado pela forte alta das ações da Petrobras. O giro financeiro do pregão foi de R$ 8,82 bilhões.
"As duas últimas quedas da bolsa ocorreram em pregões com volume forte, o que mostra que muita gente está tirando o pé do acelerador", afirmou Frederico Lukaisus, gerente da mesa de operações da Fator Corretora.
"Os estrangeiros estão vendendo muito aqui, diminuindo risco de portfólio", disse Adriano Moreno, estrategista da Futura Investimentos. No acumulado de maio, até o dia 14, os estrangeiros retiraram R$ 1,3 bilhão da Bovespa.
Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 0,26%, segundo dados preliminares. Mais cedo, o principal índice do mercado europeu fechou em baixa de 0,49%.
Mais uma vez, as incertezas com o impasse político na Grécia impuseram cautela aos mercados, embora o dado de produção industrial nos Estados Unidos, divulgado pela manhã, tenha criado algum otimismo nas primeiras horas do pregão.
Os possíveis impactos de eventual saída da Grécia da zona do euro continuaram no foco, com o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, afirmando que este cenário traria grandes questionamentos sobre a situação de países como Espanha e Itália.
O diretor-gerente do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Charles Dallara, foi mais enfático ao dizer que esse cenário representaria a catástrofe e o apocalipse para o resto da Europa.
Também pesou sobre o humor dos mercados a notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) suspendeu operações de política monetária com alguns bancos da Grécia.
Mais cedo, o presidente grego, Karolos Papoulias, havia alertado para o risco de "pânico" no sistema financeiro. Segundo ele, os poupadores gregos sacaram pelo menos 700 milhões de euros na última segunda-feira.
"As notícias são muito ruins e o mercado ainda tem muito para piorar, não vemos nada de bom no curto prazo que possa mudar essa tendência", afirmou Lukaisus. Segundo ele, o Ibovespa após romper suportes importantes nos últimos pregões, agora pode encontrar piso por volta dos 54.200 pontos.
A ação preferencial da Petrobras evitou uma queda maior do índice, subindo 4,33%, a R$19,29. A empresa reportou lucro acima do esperado no primeiro trimestre, com destaque para o aumento das exportações.
Em sentido oposto, OGX encerrou com baixa de 3,41%, a R$ 11,62, e a ação preferencial da Vale recuou 2,96%, a R$ 36,10 reais.
O grupo JBS teve a maior queda do Ibovespa, de 8,83%, a R$ 6,09 reais, após um resultado trimestral mais fraco na principal operação da empresa nos EUA.
A ação ordinária da Usiminas tombou 7,32%, a R$ 14,31, após a ação ter sido excluída do índice de ações MSCI. Outras quatro empresas brasileiras também ficaram de fora da nova composição do índice: Brookfield Incorporações, Gol, Rossi Residencial e Suzano Papel e Celulose.
Em sentido oposto, B2W disparou 16,3%, a R$ 7,49, também refletindo, em parte, uma correção após as fortes perdas recentes e o fato de a empresa não ter sido excluída do índice MSCI.