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Cotação

Em tempos de crise, valorização do ouro dispara

Quem acompanha o mercado financeiro com mais atenção percebeu que o ouro se valorizou quase 12% no terceiro trimestre e, apenas em setembro, teve uma alta de 4% e de janeiro a setembro, a alta chega a 18%. No ano passado, o metal foi o ativo com melhor retorno do ano, com alta de 15,8% contra uma queda de 18,1% do Ibovespa. Com a crise na Europa, a economia americana patinando e a China assustando os mercados com a possibilidade de crescer menos do que o esperado, o ouro surge como um porto seguro, uma reserva de valor que é procurada sempre que há turbulência no horizonte.

Retorno passado não é garantia de retorno futuro, mas quem se refugiou em ouro nos últimos anos está satisfeito com os números atuais. No mercado internacional, o ouro subiu de US$ 300 por onça (medida inglesa equivalente a 28,35 gramas) para US$ 1.600 por onça no período de 15 anos, entre 1998 e 2012. É um retorno de aproximadamente 12% ao ano, muito superior ao de outros investimentos. Na BM&F, onde se faz negociação de ouro no Brasil, via corretoras, a grama estava cotada a R$ 67,00 em 2009. Hoje, a mesma grama equivale a R$ 114,30, quase o dobro.

"O ouro não gera renda. A única forma de ganhar com ele é aproveitar o movimento dos preços. É uma reserva de valor que é bastante procurada em tempos de crise econômica ou guerras. O risco oferecido é do preço cair. É um ativo especulativo, que depende do movimento de compra e venda do mercado", explica Silvio Alface Neto, consultorfinanceiro da corretora Socopa. No Brasil, ainda se soma a volatilidade do câmbio, já que o preço da commodity é definido pela oscilação lá fora mais a vairiação do dólar.

Para quem se interessou, os analistas acreditam metal ainda pode se valorizar mais no curto prazo. A crise na Europa não está resolvida, e há gente prevendo que ela se estenda por pelo menos mais quatro ou cinco anos. Ninguém sabe o desfecho. Se a Grécia abandonar a moeda única, o euro, pode desencadear um processo de consequências imprevisíveis. Há mais países com problemas, como a Espanha, que precisa de dinheiro para financiar suas contas. Nesse cenário, os Bancos Centrais de vários países acabam comprando ouro para reforçar suas reservas contra a desvalorização cambial. Isso faz o preço subir.

"O ouro deve continuar a ser comprado como uma proteção contra desvalorizações de moedas, principalmente após as medidas de afrouxamento monetário do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Certamente, vamos continuar a ver desvalorizações competitivas de moedas. Os maiores beneficiários desse movimento são os chamados ativos tangíveis, como os metais preciosos", avaliou em relatório Kurt Pfafflin, corretor sênior da Daniels Trading.

No Brasil, as corretoras são intermediárias na compra de ouro na BM&F. Cobram uma taxa de corretagem de cerca de 20% para fazer o negócio. O ouro é comprado em barras a partir de 250 gramas. Com o preço da grama a R$ 114,30, o investimento inicial é de R$ 28.650,00, um tíquete alto se comparado a outros investimentos. O ouro comprado fica guardado em cofres do Banco do Brasil e o investidor pode retirar na hora que quiser. Na compra, recebe-se um certificado de origem e pureza. Para vender, é preciso levar o ouro até a corretora, que realizará a avaliação e recompra em até três dias. Há fundos de investimento que também investem em ouro, através de títulos lastreados no metal, e nesse caso é preciso pagar taxa de administração.

O Imposto de Renda que incide sobre o ouro é o mesmo da renda variável: o investidor fica isento se tiver ganho até R$ 20 mil por mês e pega 15% se tiver ganho acima. Com a taxa de juro Selic em 7,25%, o menor patamar de sua história, e as aplicações de renda fixa ficando menos atraentes, é possível começar a pensar no ouro como mais uma forma de diversificar os investimentos.

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