Contagiado pelo pessimismo no cenário externo, o dólar disparou mais de 2% nesta segunda-feira (26) e fechou acima dos R$ 3,90 pela primeira vez em quase dois meses. A Bolsa brasileira se descolou do exterior e fechou em queda.
A alta da moeda americana se deu sobre as principais divisas emergentes, em um movimento de aversão a risco global de investidores. O ciclo se iniciou com a queda expressiva do preço do petróleo, que na sexta ficou abaixo dos US$ 60 o barril, e agora foi seguido pelo minério de ferro.
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Nesta segunda, o barril voltou a fechar acima dos US$ 60. O minério negociado na China recuou mais de 4%.
Em uma semana, o minério perdeu cerca de 10% do valor, seguindo a baixa de mais de 30% nos preços do petróleo desde a máxima registrada no começo de outubro.
Na prática, as matérias-primas sofrem com receio de menor demanda causada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, que poderia desacelerar a economia global.
Remessas para o exterior
Há ainda um movimento típico de final de ano, em que empresas multinacionais com operação no Brasil enviam recursos para matrizes para o fechamento de balanço anual e pagamento de dividendos. Essa saída de recursos tradicionalmente faz o dólar se valorizar em dezembro.
“Em uma visão de curtíssimo prazo, [as causas da alta do dólar são] essa queda forte nos preços do minério e remessas para o exterior”, diz Rodolfo Margato, economista do Santander.
“Vejo [a alta do dólar] como movimento global. Não era esperada a queda de commodities, como petróleo e minério de ferro. Nossas exportações são baseadas em commodities”, afirma Fabrizio Velloni, da Frente Corretora.
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Fernanda Consorte, da Ouroinvest, considera ainda que a alta é um reflexo da saída de investidores estrangeiros do mercado local durante todo o mês.
“Não tem gringo interessado em Brasil porque as pessoas estão com medo de países emergentes. A gente estava muito inebriado com a questão local e concomitantemente a isso a expectativa global foi piorando”, diz Consorte.
Trajetória de alta desde as eleições
A mínima recente do dólar foi registrada no período que marcou a confirmação da eleição de Jair Bolsonaro.
Desde então, no entanto, a moeda entrou em trajetória de alta, contrariando as expectativas do mercado financeiro, que previa a moeda rumando para abaixo do nível de R$ 3,70, olhando apenas para o cenário doméstico.
O dólar fechou a segunda em alta de 2,48%, a R$ 3,918. Comparado a uma cesta de 24 divisas emergentes, o real foi a segunda que mais perdeu valor, atrás do peso argentino.
Já a Bolsa brasileira destoou do exterior e fechou em queda. Operadores do mercado financeiro não sabiam explicar o motivo para o mercado local ter se descolado.
O Ibovespa, principal índice acionário do país, caiu 0,79%, a 85.546 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,1 bilhões.
As perdas foram lideradas pelos papéis do setor bancário. Vale e as ações preferenciais da Petrobras também terminaram o dia no negativo.
No exterior, as principais Bolsas americanas e europeias subiram ao redor de 1,5%.
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