O preço médio da gasolina no Paraná subiu 2,1% durante a semana, passando de R$ 2,38 para R$ 2,43, segundo relatório da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na capital, onde o preço médio passou de R$ 2,35 para R$ 2,41, o reajuste chegou a 2,6%. A pesquisa captou apenas os primeiros três dias de vigência da nova alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que subiu dois pontos porcentuais na quarta-feira. Por isso, o sindicato dos postos de combustíveis (Sindicombustíveis) avalia que novos aumentos serão vistos nos próximos dias.
"Na prática, o ICMS aumentou o custo de R$ 0,87 para R$ 0,98 em cada litro vendido. Como a pesquisa pegou a transição desses valores, o preço ao consumidor deve mexer mais", diz o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese. O álcool hidratado, que não teve o ICMS alterado, se manteve praticamente estável, em R$ 1,43.
Segundo Fregonese, os preços do combustível em Curitiba têm um "movimento histórico" que costuma iniciar em janeiro, quando o comércio reduz seus preços e o lucro devido à baixa demanda. "Que o trânsito em Curitiba cai muito durante as férias escolares é facilmente constatável. No decorrer do ano, os empresários precisam reaver a margem de lucro, e agora com um custo maior por causa do ICMS." De acordo com a ANP, durante duas semanas de março o Paraná teve o preço médio da gasolina mais barato do país (R$ 2,33).
A alta nos preços incomoda não apenas o motorista, mas também funcionários do setor. "Esses preços vivem no sobe e desce, às vezes nem sei quando subiu. Só vejo mesmo quando algum cliente vem reclamar", conta Júlio Cesar Oliveira, frentista do Posto Shell da Rua Tibagi. Incomodado com o pouco trabalho e com receio de demissões, ele contraria a opinião do sindicato patronal e diz acreditar que os preços vão cair. "Se o preço não diminuir, o que diminui é a clientela. Isso sem falar nos frentistas. Ficamos sem fazer nada se não tem carro aqui."
Imposto retroativo
Segundo Fregonese, o governo estadual teria elaborado um decreto número 4.499, ainda não publicado prevendo que as empresas de combustível, fumo e bebidas alcóolicas paguem a diferença de ICMS nos produtos estocados em março, antes do reajuste do imposto. A medida seria judicialmente questionável. "Essa é mais uma da caixinha de maldades do governador. Será que ele vai fazer outro decreto para devolver o dinheiro do estoque das farmácias?", questionou, referindo-se a um dos setores que tiveram redução do imposto.