Cena da peça "A Descoberta das Américas"| Foto: Divulgação/Diego Pisanti

O preço do leite longa vida (de caixinha) subiu em média R$ 0,21 nos supermercados do Paraná em junho, refletindo a diminuição do estoque interno – provocada pela entressafra – e também do internacional. O litro custava em média R$ 1,77 na semana dos dias 11 a 15, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura, ante média de R$ 1,56 em maio. Em relação a junho de 2006, o preço está 28% mais caro. O leite C (de saquinho) subiu 23% e o preço pago ao produtor, 20%.

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A alta tem maior relação com a cotação do produto no mercado internacional, segundo o veterinário do Deral, Fábio Mezzadri. Ele não vê tanta importância na deterioração dos pastos paranaenses por conta da geada e da estiagem, outro fator que faz o preço subir. "A alteração das pastagens é uma questão rotineira da entressafra. O que não é normal é o aumento do preço internacional", diz. A demanda e o preço externo aumentaram após grandes produtores como Austrália e Nova Zelândia registrarem secas em seu período de safra, enquanto a Argentina enfrentou chuvas.

Como conseqüência, peço do leite em pó também subiu – 20% em abril em relação a março – e é agora cotado a R$ 8,26 o quilo. No Brasil, os derivados também subiram. No atacado, o queijo prato aumentou 15% em maio ante maio de 2006.

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Em relação ao mesmo período do ano passado, o leite longa vida integral produzido pela Frimesa, de Medianeira (Região Oeste do Paraná) está 15% mais caro. "O preço está se recuperando e passando para outro patamar, acompanhando os internacionais", diz o diretor Elias Zydek, para quem nem mesmo o pico da safra, em setembro, fará os preços caírem. Historicamente, o leite custava 30% mais fora do país do que o valor pago pelo brasileiro. "O preço não deve voltar a R$ 1,40, mas se estabilizar em torno de R$ 1,60."

A alta no preço já provoca o "sumiço" de marcas de leite das gôndolas, justificado pelas redes varejistas pela queda no fornecimento. Os fabricantes negam. "Não há falta de produto. Se tem gôndola vazia é por conta de negociações comerciais", diz Zydek, da Frimesa.

Em seu último boletim, em que analisa o fornecimento de leite em abril, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea) fala em falta de leite, mas não no Paraná. O volume captado por sete estados caiu 0,8% no mês ante abril de 2006. O Paraná, terceiro maior produtor nacional, foi o único onde o volume aumentou (2,2%).

De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura (Seab), a situação dos produtores paranaenses é grave na Região Noroeste, onde laticínios estariam recebendo quantidade de 15% a 20% menor de leite. Além da baixa qualidade do pasto que serve de alimento ao rebanho, a alta do milho – que também é parte da alimentação dos animais – contribui para aumentar o custo de produção. Em relação ao ano passado, são necessários cinco litros a mais de leite para comprar uma saca do grão.

No entanto, na região dos Campos Gerais, onde a cooperativa Castrolanda tem 440 produtores, o pasto não sofreu tanto na entressafra (em março e abril) e a produção não caiu. Pelo contrário, as indústrias estão demandando mais, segundo o coordenador da cooperativa, Rogério Wolf. A produção registrada entre janeiro e maio está 6% maior em relação ao mesmo período do ano passado – apesar da fraca base de comparação.

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