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Mercado financeiro

Embalada pelo otimismo e mesmo com a Vale, Bolsa fecha mês com alta de 10,8%

 | NELSON ALMEIDA/AFP

A Bolsa brasileira conseguiu minimizar o peso que a Vale tem sobre o mercado e fechou o mês de janeiro em alta de 10%, embalada pelo otimismo com o novo governo e a perspectiva de reforma da Previdência e também pela melhora no exterior. O dólar recuou quase 6% no mês.

O Ibovespa, principal índice acionário do país, ganhou 0,41% nesta quinta e fechou a 97.393 pontos. No mês, a alta é de 10,8% e equivale a quase dois anos de aplicação em de renda fixa, destacou Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais. 

"Certamente foi um bom resultado para um mês complicado e bom augúrio para o ano de 2019", escreveu a clientes. 

Durante janeiro, o mercado enfileirou uma sequência de recordes que levou o índice ao maior patamar da história, atingido na quinta-feira da semana passada (24). Nesta quinta, o índice chegou a testar uma nova máxima, acima dos 98 mil pontos, mas acabou perdendo força em parte pela baixa das ações da Vale, que caíram mais de 2%. 

O ganho do pregão foi sustentado pelas ações do Bradesco, após divulgação de resultados melhores que o esperado pelo mercado. O avanço das ações do banco deu força aos principais papéis do setor financeiro. 

Janeiro foi marcado também pelo aumento do volume financeiro movimentado na Bolsa. A média é de R$ 16,7 bilhões, só menor que a registrada em outubro do ano passado e superior ao giro médio diário de 2018. 

E, com dados até o dia 29 de janeiro, é possível ver um movimento de retorno de investidores estrangeiros, que retiraram recursos da Bolsa brasileira nos últimos três meses do ano passado. 

Noticiário político 

Nesta quinta, o noticiário político também voltou à pauta. Na noite da véspera, o governo afirmou que militares serão incluídos na reforma da Previdência, o que trouxe ânimo a investidores e ajudou a embalar o dia. 

"Se confirmado na proposta final, a inclusão dos militares deve facilitar a negociação com o Congresso", escreveu a XP. 

Houve ainda notícias sobre como seria a capitalização da Previdência e também sobre apoio de governadores à reforma, o que pode dar força para que o texto passe no Congresso. 

Os olhares estão também centrados na eleição na Câmara e no Senado, que ocorre nesta sexta-feira (1º), o primeiro dia da nova legislatura. 

No meio da tarde, a Folha de S.Paulo divulgou áudios que mostram que Renan Calheiros discutindo com executivos da JBS nomeações para cargos no governo no período em que ele era presidente do Senado. Renan concorre ao posto, mas enfrenta oposição. 

A discussão no mercado deve se basear na capacidade de aprovação de reformas no Senado com a eventual perda de força do emedebista. 

Dólar em queda 

O dólar fechou o dia em queda de 1,74%, a R$ 3,659, terminando o mês em baixa de quase 6%. É a primeira retração da moeda americana ante o real desde outubro do ano passado, quando a euforia eleitoral derrubava o dólar. É também o menor patamar desde outubro do ano passado. 

A baixa foi guiada pela sinalização de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) irá interromper a alta de juros americanos no curto prazo. A decisão do Fed foi divulgada na quarta-feira, após o fechamento da moeda americana. 

O efeito reflete a tendência do mercado para o fluxo de dinheiro. Quando os juros americanos sobem, investidores tendem a migrar recursos que estão em países emergentes, considerados mais arriscados, rumo à títulos da dívida americana. Com a perspectiva de que novas altas devem demorar a ocorrer, sobra mais dinheiro em circulação entre os emergentes, reduzindo a pressão sobre o câmbio.

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