Os produtos industrializados foram os principais responsáveis pela queda de 27% das exportações do Paraná em janeiro. As vendas dessa categoria, que responde pela maior parte da pauta de embarques do estado, despencaram 39% em relação ao primeiro mês de 2008, para US$ 457 milhões. Na mesma comparação, as exportações de produtos básicos aqueles que não sofrem qualquer transformação, como soja e milho em grão avançaram 9%, para US$ 280 milhões. Com isso, a participação dos industrializados nas vendas do Paraná recuou de 73% para 61% do total, ao passo que o peso relativo dos produtos básicos avançou de 25% para 38%.
Incluindo algumas operações especiais, as vendas do Paraná ao exterior somaram US$ 747 milhões no mês passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Foi o resultado mais baixo em dois anos desde janeiro de 2007, quando o estado exportou US$ 659 milhões, o desempenho não era tão ruim. "Até antes da crise, os indicadores mostravam que o Paraná vinha sendo muito favorecido no comércio internacional, principalmente pelo preço das commodities e pelas exportações de veículos. E a tendência é que os estados que mais se favoreceram anteriormente sofram os maiores impactos agora, que o vento virou", avalia o economista Marcio Cruz, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Os números do MDIC mostram que os efeitos da crise global se disseminaram pela maioria dos produtos vendidos pelo estado. Dos 20 principais grupos de mercadorias exportados no início do ano passado, 16 tiveram queda nas exportações no primeiro mês de 2009. Dessa lista, os únicos a elevar as vendas foram os grupos de oleaginosas (principalmente soja em grão), açúcares, produtos químicos orgânicos e a divisão que reúne café, chá, mate e outras especiarias.
Entre os produtos que tiveram alta em janeiro, os mais exportados foram açúcar, cereais (principalmente milho) e oleaginosas (soja). Os embarques de açúcar, de US$ 99 milhões, triplicaram em relação a janeiro de 2008. As vendas de cereais, de US$ 58 milhões, foram equivalentes a 25 vezes o valor do mesmo período do ano passado. As exportações de oleaginosas, por sua vez, cresceram 57%, para US$ 54 milhões. Nos três casos, os "saltos" foram atribuídos a fatores pontuais.
De acordo com a Alcopar, representante dos usineiros, a expansão das vendas de açúcar foi questão de programação. "Provavelmente o embarcador preferiu fechar negócio em janeiro, época de entressafra, quando o movimento nos portos é menor", avalia Adriano Dias, superintendente da associação. A economista Gilda Bozza, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), diz que a combinação de dois motivos pode ter provocado a alta dos embarques de soja e milho. "Em primeiro lugar, o cumprimento de contratos que já previam venda em janeiro. Outro ponto importante é que os preços dos grãos vinham caindo com força desde julho, mas deram uma reagida em dezembro. Isso pode ter estimulado o produtor a se desfazer dos volumes que ainda tinha em estoque."
Indústria
Dentro da categoria de produtos industrializados, houve dois comportamentos distintos em janeiro. Os bens semimanufaturados que têm baixo grau de transformação registraram ligeiro aumento nas vendas, de 6%. Por outro lado, os embarques de manufaturados, produtos de maior valor agregado, caíram cerca de 48% em relação a janeiro de 2008.
As vendas de tratores, veículos e peças são exemplo disso: caíram pela metade. O grupo, que em janeiro do ano passado havia liderado as exportações do Paraná, com 19% das vendas totais, caiu para o terceiro lugar do ranking, com fatia de 13%. Outro segmento relevante, o de máquinas e equipamentos, registrou embarques quase 60% menores e regrediu do quarto para o oitavo lugar na pauta paranaense.
Países
Os dois principais clientes do Paraná reduziram suas encomendas em janeiro. As exportações para a Alemanha baixaram quase 20%, enquanto as vendas para a Argentina caíram mais de 60%. Os Estados Unidos, que há um ano figuravam em terceiro lugar na lista de importadores, despencaram para a sexta posição, com baixa de 40%. Entre os principais importadores, destaque positivo para China, Venezuela e Índia, cujas importações mais do que dobraram no mês passado.