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indústria aeroespacial

Embraer fecha 2018 com primeiro prejuízo em mais de dez anos

Na foto, uma aeronave Lineage 1000, responsável por uma baixa contábil no segmento executivo de R$ 238,2 milhões e que impacto os resultados da Embraer em 2018. | Divulgação/
Na foto, uma aeronave Lineage 1000, responsável por uma baixa contábil no segmento executivo de R$ 238,2 milhões e que impacto os resultados da Embraer em 2018. (Foto: Divulgação/)

A Embraer encerrou o quarto trimestre de 2018 com um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 78,1 milhões, revertendo o ganho de R$ 132 milhões registrado no mesmo período de 2017 – é a primeira vez em mais de dez anos que a companhia registra um prejuízo no último trimestre do ano. Os resultados da empresa referentes ao último período do ano passado já tinham sido divulgados preliminarmente, mas foram reapresentados segundo exigências de normativas contábeis.

No ano de 2018 a fabricante de aviões fechou com prejuízo líquido de R$ 669 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 850,7 milhões em 2017. Excluindo o imposto de renda e a contribuição social diferidos no período, a Embraer passou de um lucro ajustado de R$ 995 milhões para um prejuízo de R$ 224,3 milhões.

Os custos operacionais, com a valorização do dólar americano de 17% frente ao real entre o último trimestre de 2017 e o mesmo período de 2018 , e o ritmo de recuperação de alguns segmentos, em especial o da aviação executiva, um pouco abaixo do esperado, com a baixa contábil referente às vendas do modelo Lineage 1000, estão entre as razões apontadas pela empresa para esse resultado.

Em conferência com analistas e jornalistas, o presidente executivo da Embraer, Nelson Salgado, no entanto, lembrou que esse resultado não é visto como preocupante pela empresa, já que, inclusive, teria vindo de acordo com o próprio guidance (conjunto de estimativas futuras dado pela própria companhia ao mercado) da Embraer.

Ele afirmou que a grande missão da empresa em 2019 é a conclusão da nova empresa com a Boeing, que ainda depende da aprovação de uma série de órgãos reguladores nos países e regiões onde as duas empresas atuam, e o pagamento de US$ 1,6 bilhão em dividendos aos investidores fruto da operação com a companhia norte-americana.

Salgado também frisou que as suspeitas em torno do 737-MAX 8 da Boeing, modelo que registrou duas quedas em menos de seis meses, nada tem a ver com a parceria firmada com a Embraer.

Pontualmente, ele disse que as apostas da companhia brasileira estão centradas na continuidade do sucesso da família E-2 na aviação comercial, que teve duas entregas importantes, a do primeiro 1.500° E-JET e a do primeiro E190-E2 em 2018, e deve gerar um acréscimo nas entregas entre 85 e 95 aeronaves (foram 90 em 2018), além do potencial crescimento das entregas na aviação executiva, entre 95 e 110 aeronaves (foram 91 em 2018), centrado principalmente no Phenom 300 (jato leve mais vendido do mundo pelo sétimo ano consecutivo) e no Praetor (cujas versões 500 e 600 foram lançadas em 2018).

É grande também a expectativa da empresa em torno do cargueiro KC-390 e a parceria estratégica na área de defesa da Boeing, com a efetiva passagem da fase de desenvolvimento para a produção em série do modelo e a entrega dos dois primeiros aviões à Força Aérea Brasileira. O aumento nas entregas de super tucanos, de 9 para 10, também está previsto na área de defesa.

“2019 vai ser um ano atípico para a conclusão da parceria estratégica [com a Boeing] (...) Por isso demos um guidance em 2019 de breaking even; em função de todo o trabalho que vamos fazer em 2019 para concluir a transação não vamos ter um resultado muito brilhante em 2019. O grande o resultado é a conclusão com o pagamento de US$ 1,6 bilhões aos investidores e o início em 2020 da Embraer como uma empresa sem dividas e um caixa líquido de R$ 1 bilhão”, disse Salgado em conferência. A empresa fechou 2018 com US$ 3,21 bilhões em caixa, mas US$ 3,65 em endividamento.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) caiu 51% em 2018, de R$ 2,107 bilhões no ano anterior para R$ 1,017 bilhão. O resultado operacional (Ebit) atingiu R$ 78,9 milhões negativos, ante um resultado positivo de R$ 204,8 milhões reportado um ano antes. A margem Ebit caiu de 3,6% no quarto trimestre de 2017 para uma cifra negativa de 1,2% no último trimestre.

A receita líquida cresceu 13% entre os períodos, passando de R$ 5,648 bilhões no quarto trimestre de 2017 para R$ 6,379 bilhões no mesmo intervalo de 2018. No ano de 2018, a receita indicou estabilidade, ficando em R$ 18,721 bilhões.

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