A mudança mais polêmica no texto da Medida Provisória dos Portos foi apresentada 20 vezes por parlamentares de PMDB, PT e DEM. Apelidada de "Tio Patinhas" pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), a emenda só foi aprovada na 18ª tentativa, após o governo ceder ao líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), o maior defensor da alteração.
O apelido "Tio Patinhas" faz referência a supostos interesses econômicos por trás da defesa da proposta. O texto original, de autoria do governo, previa que os contratos de terminais portuários fechados antes da publicação da MP poderiam ser prorrogados, desde que essa previsão estivesse prevista "expressamente" no acordo inicial e "condicionada à revisão dos valores do contrato e ao estabelecimento de novas obrigações de movimentação mínima e investimento".
Com a alteração, sumiu do texto a determinação para revisão dos valores dos contratos na renovação e a exigência de novas obrigações de movimentação e investimento.
O texto aprovado ficou assim: "A prorrogação dos contratos referidos no caput poderá ocorrer por uma única vez e pelo prazo máximo previsto em contrato, desde que o arrendatário promova os investimentos necessários para a expansão e modernização das instalações portuárias".
Além de Cunha, os deputados Leonardo Quintão (PMDB-RJ), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) também apresentaram emendas que continham essas alterações no texto do governo.
Em discurso no plenário, semana passada, Garotinho acusou Cunha de apoiar interesses afetados pela proposta, mais especificamente do empresário Daniel Dantas, controlador da Santos Brasil, dona de terminais portuários. O termo "Tio Patinhas", cunhado por Garotinho, foi repetido durante a votação da MP dos Portos por outros colegas do PSDB e PPS.
O jornal Folha de S.Paulo apurou que o líder do PMDB irá se defender das acusações de que atuou para beneficiar empresas com o argumento de que era uma medida que tinha o apoio de vários partidos. A emenda aprovada, do deputado Sibá Machado (PT-AC), recebeu 266 votos a favor, 23 contrários e 4 abstenções.