O dólar e a lira: Turquia promoveu ontem um forte aumento nos juros. A taxa mais importante saltou de 7,75% para 12% ao ano.| Foto: Murad Sezer/Reuters

É diferente, mas...

O Brasil pode até ser alvo de questionamentos na política econômica, mas sua realidade é bem diferente da argentina. No país vizinho, destaca Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, há total contaminação do ambiente político na economia e descrédito das instituições e dos dados econômicos. "Mas, pela proximidade, e somado a outras incertezas, o investidor estrangeiro pode usar a situação argentina e a forte relação comercial dos dois países para retirar recursos do Brasil", alertou.

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A Turquia, que ao lado da Argentina parecia ser o país mais fragilizado pela fuga de investidores, decidiu elevar fortemente a taxa de juros em reunião de emergência.

A expectativa da medida – que foi ainda mais forte que a esperada pelo mercado – e a decisão da Índia de também subir os juros levaram alívio ontem aos mercados emergentes, castigados por três dias seguidos.

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A taxa de referência indiana subiu de 7,75% ao ano para 8% ao ano, e as duas principais taxas turcas, de 4,5% ao ano para 10% ao ano e de 7,75% ao ano para 12% ao ano.

O ambiente, porém, passou longe da tranquilidade. A confiança no retorno financeiro de aplicações em países como o Brasil permaneceu abalada por dúvidas quanto aos próximos passos do programa de redução dos estímulos econômicos dos Estados Unidos pelo Fed, o banco central norte-americano, que finaliza hoje reunião sobre o tema.

Das 24 moedas emergentes mais negociadas, 17 tiveram alta em relação ao dólar – as maiores foram da lira turca (1,35%) e da rupia indiana (1,18%) – e sete caíram. A maior desvalorização foi a do real, embora suave: 0,25%.

Menos estímulos

Para analistas, o aumento de juros em países emergentes, a exemplo do que já fez o Brasil, é positivo, mas tardio, e tem efeito limitado. "Com o corte dos estímulos nos EUA, independentemente do ritmo, a tendência é de que o investimento estrangeiro em emergentes diminua, o que significa queda tanto do real quanto das demais moedas emergentes ante o dólar", diz Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global.

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Isso porque, com a redução dos recursos que o BC dos EUA injeta mensalmente no país – já foram US$ 85 bilhões mensais, estão em US$ 75 bilhões e podem cair para US$ 65 bilhões hoje –, diminui o dinheiro disponível para aplicações em outros mercados.