Um aplicativo criado por empreendedores de Pernambuco e lançado hoje quer facilitar a comunicação das pessoas com deficiência auditiva.
Chamado ProDeaf (pró surdo, em tradução livre), ele possibilita o reconhecimento de palavras e frases ditas em português. Na tela do smartphone, um personagem realiza os sinais correspondentes ao que foi dito em português, realizando a tradução para Libras (Língua Brasileira de Sinais).
O programa também possui um dicionário, em que 1.200 palavras em português apresentam seu correspondente em sinais.João Paulo Oliveira, presidente-executivo do ProDeaf, conta que a ideia para desenvolver o aplicativo veio da convivência com um colega com deficiência auditiva, Marcelo Amorim. Durante o curso de ciências da computação, começou a atentar para as dificuldades que os surdos enfrentavam para sua comunicação no cotidiano.
Ele explica que uma das grandes dificuldades do projeto foi encontrar as correspondências entre palavras nas duas línguas, português e Libras. "Nem tudo o que falamos tem um correspondente direto em Libras. Colocar, por exemplo, pode ter um gesto diferente se for colocar um anel ou outra coisa".
O ProDeaf está disponível para celulares com sistema operacional Android. Na semana que vem, deverá ser lançlada a versão para iOS e Windows Phone. O download é gratuito.
DesenvolvimentoCriado em 2011 por colegas do curso de ciência da computação da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), o aplicativo foi o segundo colocado no prêmio Imagine Cup 2011, promovido pela Microsoft e com a participação de empreendedores de todo o mundo.Além do reconhecimento obtido pelo prêmio, o ProDeaf recebeu suporte técnico e infraestrutura em nuvem fornecidos pela empresa.
A seguir, firmou parceria com Bradesco Seguros na metade de 2012. Como resultado, estão realizando a adaptação do site para Libras, que começou a entrar no ar em dezembro.
Oliveira conta que, quando mostrou o programa em desenvolvimento para a equipe de pessoas com deficiência auditiva que trabalhavam no Bradesco levou um balde de água fria. "Disseram que a ideia era boa, mas precisava melhorar muita coisa. Ainda era difícil entender alguns gestos que o boneco fazia, faltava expressão facial".Daí em diante, teve constantes feedbacks da equipe da empresa, com 40 surdos em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, até o produto estar mais preparado para o lançamento.
A ProDeaf também teve apoio da Wayra, aceleradora de negócios da Telefônica, e recebeu aporte de capital semente do grupo. Também teve como apoiadores o CNPQ, que forneceu suporte para contratação de especialistas com experiência em Libras, e do Sebrae. Ao todo, foram investidos R$ 500 mil.