Uma cidade é considerada um polo de criação de startups quando oferece um ambiente favorável ao desenvolvimento dos empreendedores. A região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, é o exemplo mais bem-sucedido de apoio a negócios inovadores. No Brasil, os holofotes têm se voltado para Florianópolis, eleita a melhor cidade para geração de negócios de alto impacto, segundo levantamento feito pela Endeavor em 14 capitais do país.
O que faz da capital catarinense um lugar propício à inovação é a existência de diversos atores de incentivo ao empreendedorismo, fruto do planejamento de longo prazo para fortalecer a área de vocação da cidade: o segmento de tecnologia. O setor é o maior arrecadador de impostos municipais e espera faturar, em todo o estado, R$ 2,5 bilhões neste ano, de acordo com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).
Para apoiar as startups, Florianópolis tem dois parques tecnológicos (Tec. Alfa e Sapiens Parque), duas incubadoras (Midi Tecnológico e Celta), a Acate, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc), o Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Fundação Certi) e o sistema Fiesc.
Estes atores atuam em diversas frentes, priorizando o desenvolvimento dos negócios locais. A Acate, por exemplo, divulga quais são os recursos existentes para inovação via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e oferece auxílio de consultores para o envio do projeto.
Origem
Essa rede de suporte começou a atuar na década de 1980, com a criação da primeira incubadora da cidade. Como a economia de Florianópolis era baseada no funcionalismo público e no turismo de veraneio, não havia empresas para absorver os engenheiros formados na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Os estudantes começaram a montar seus próprios negócios e os representantes do setor público viram a possibilidade de desenvolver o setor de tecnologia para diversificar a economia local.
“Conseguimos ao longo dos últimos 30 anos corrigir os erros e fortalecer os acertos para consolidar o ecossistema local”, afirma o presidente da Acate, Guilherme Bernard. A importância dessa rede parte de um princípio claro: em uma região com um ecossistema menos desenvolvido até podem surgir empresas com alto potencial de crescimento, mas, na primeira oportunidade, elas acabam indo para outras cidades que ofereçam melhores condições.
Foi o que aconteceu com a Neoprospecta, empresa de biotecnologia idealizada no Rio Grande do Sul e com sede no Sapiens Parque. Marcos de Carvalho, fundador da empresa, diz que não encontrou em outra cidade da região Sul uma densidade de recursos e oportunidades para desenvolver o negócio como a que existe na capital catarinense.
Quando a Neoprospecta chegou à Florianópolis, em 2013, passou por um processo de aceleração e, um ano depois, recebeu um aporte financeiro de R$ 4 milhões de um fundo de investimento.