O seu carro não precisa mais sair da garagem para ser limpo. É o que promete o aplicativo Lavô, que oferece um “delivery” de lava jato. Como não há necessidade de água, o serviço pode ser feito em qualquer lugar. Quem faz a lavagem são parceiros cadastrados na plataforma, que embolsa uma porcentagem sobre cada transação. A um preço inicial de R$ 40 para limpeza externa e interna, o app tem um custo competitivo se comparado ao serviço de lava car tradicional.
A lavagem é feita com cera de carnaúba. O material é aplicado com um pano de microfibra por cima da sujeira, mesmo, que é "encapsulada" pela cera. Depois, são mais três "demãos", uma para tirar o que está sujo, outra para eliminar o excesso de produto, e uma última para polir.
O processo todo dura entre uma hora e meia e duas horas. A lavagem regular inclui ainda a limpeza das rodas e do interior do carro (com protetor UV e aspiração). Similar ao que os lava-jatos chamam de "lavagem completa", o serviço sai por R$ 40. Há ainda um plano mais simples (só limpeza externa), além de outros mais requintados. O mais completo, que inclui até neutralizador de odores de cigarro, chega a R$ 145.
A “uberização” da lavagem de carros pode parecer um modismo. Substituir um serviço que já existe por outro, similar, operado por parceiros. Mas o criador da plataforma, Ricardo Pereira, tem bons motivos para acreditar que o Lavô atinge um público novo, e ainda tem chance de conquistar quem já tem costume de limpar o carro.
A começar pela comodidade. Não há necessidade de enfrentar fila e nem de tirar o carro do lugar. Como não há utiliza de água, o trabalho pode ser feito em qualquer lugar. Você pode deixar seu carro, ir trabalhar, e encontrar o carro limpo na volta.
Além disso, tem o preço. "Um carro pequeno, uma lavagem num posto sairia por R$ 30. No nosso caso, além de ele economizar tempo e combustível, tem o serviço de cera, que sairia por mais R$ 10 num lava-jato".
Dados do Sebrae indicam que 88% dos donos de carro lavam o veículo a cada 15 dias, no máximo. Pereira mira os outros 12%, que talvez não o façam por falta de tempo. “Com o tempo, estes 88% vão vir naturalmente”.
Além disso, tem a questão da sustentabilidade. E aqui há uma questão prática: com a crise hídrica, em muitos lugares é simplesmente impossível gastar água para lavar o carro, além de ser uma prática moralmente duvidosa. Não por acaso, o Lavô surgiu em Brasília, cidade que pena com os baixos índices de umidade.
Qualquer pessoa pode se cadastrar para trabalhar lavando carros. O aplicativo checa os dados. Se aprovada, a pessoa recebe um treinamento, e passa a receber os pedidos de forma geolocalizada. É obrigatório ter um veículo (carro ou moto) que será adesivado com o símbolo da empresa. A medida é uma forma de garantir a segurança (já que o usuário vai receber um estranho para mexer no seu carro), além de ser uma ação de marketing.
No mercado há três meses e meio, o Lavô já conta com mais de 100 mil usuários cadastrados, que fazem cerca de 100 pedidos de lavagem por dia. Os números são do próprio aplicativo.
São 1,5 mil motoristas parceiros, nas sete cidades em que o Lavô já opera: Natal, João Pessoa, Recife, Brasília, Vitória, Anápolis e Fortaleza.
O lançamento oficial em Goiânia está previsto para o início de setembro. Em breve, deve chegar a Belo Horizonte. Além disso, já entraram em contato interessados em trabalhar na plataforma de mais de 100 cidades.
Preços do app são tabelados nacionalmente
No aplicativo, o usuário pode optar entre quatro serviços de lavagem. A mais simples (“slim”) sai por R$ 30 e inclui só o produto na parte externa, mais limpeza das rodas. O modelo padrão, com a parte interna (“regular”), sai por R$ 40. Versões mais completas saem por R$ 50, R$ 95 e R$ 145.
O preço tabelado para todo o território nacional é uma estratégia do aplicativo para se diferenciar e levar segurança para o usuário, que já sabe de antemão quanto irá gastar. E sabe que vai pagar o mesmo valor que outra pessoa com um veículo similar ao seu (a Uber, por exemplo, sofreu críticas recentemente por ter uma política de preços diferente para motoristas e para alguns usuários).
Os parceiros ficam com 75% de cada limpeza. Deste valor, descontam ainda os gastos com produtos e com gasolina. Mesmo assim, os parceiros hoje conseguem tirar uma média de R$ 700 a R$ 1,2 mil por semana, estima o aplicativo. Isto porque o número de pedidos é bastante alto (cerca de 100 por dia, mais até do que os parceiros dão conta) e porque a cera é comprada direto com um fornecedor homologado, a um preço 30% menor que o de mercado, em média.
Startup crescendo rápido
Até o fim deste ano, a Lavô estima chegar a dois milhões de usuários, e ter uma base de 20 mil parceiros. A definição de novas cidades ainda está em fase de estudos, mas entre as que mais enviam pedidos estão Rio de Janeiro, Blumenau e cidades médias do interior de São Paulo (Sorocaba, Campinas e Ribeirão Preto).
A startup já conta com mais de 60 funcionários, entre jurídico, marketing, atendimento ao cliente e (principalmente) tecnologia da informação. Ricardo Pereira diz já ter recebido algumas dezenas de ofertas de investidores. Mas, por enquanto, o investimento sendo feito é oriundo do próprio faturamento da empresa, que tem crescido na casa dos 351% ao mês, nestes três primeiros meses.