Custos mais baixos, qualidade de vida elevada e índices avançados de capital humano e inovação fazem das cidades do interior bons lugares para empreender no país. É o que mostra pesquisa da Endeavor divulgada no ano passado, que avaliou o ambiente de negócios em 32 municípios brasileiros de médio e grande porte.
São dez cidades do interior presentes no ranking, sendo seis entre as dez primeiras colocadas. Foi a primeira vez que os municípios de médio porte do interior do país superaram as capitais em número de representantes nas primeiras colocações. A pesquisa começou a ser feita em 2014.
Campinas, em São Paulo, é a cidade do interior melhor colocada na pesquisa. O município paulista aparece na terceira colocação, atrás apenas das capitais São Paulo e Florianópolis. Joinville, localizada no norte catarinense, subiu cinco posições entre 2015 e 2016 e alcançou o quarto lugar nacional e o segundo no ranking do interior.
Entre as paranaenses, estão Maringá e Londrina, ambas da região Norte do estado. Maringá subiu duas colocações e ficou em nono lugar no ranking geral e em quinto lugar na lista das cidades do interior. Já Londrina caiu duas posições e ficou em 19.ª na classificação geral e em décimo entre as melhores do interior.
A pesquisa da Endeavor analisa o ambiente de negócios nos municípios a partir de sete pilares: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura. A maioria dos dados econômicos e sociais é de 2015.
Campinas
A cidade do interior de São Paulo subiu duas posições em 2016 na pesquisa da Endeavor a apareceu na terceira colocação entre as cidades que possuem o melhor ambiente de negócios do país. É, ainda, a primeira colocada no ranking que leva em consideração somente municípios do interior do país.
O crescimento do PIB, as compras municipais, a qualidade do ensino superior e a mobilidade urbana são os indicadores que fazem de Campinas a melhor cidade do interior para empreender. Segundo a Endeavor, as compras da prefeitura campineira para empreendedores aumentaram 16% em 2015 e o município teve um crescimento de 4,1% entre 2012 e 2014.
A cidade também avançou no indicador de mobilidade urbana, alcançando a segunda colocação geral, mesmo com quase um milhão de habitantes. O fato de ser cortada por diversas rodovias e por ter um dos aeroportos mais movimentados do país (Viracopos) facilita o deslocamento e acesso ao município.
Campinas também avançou na qualidade do ensino superior, ao saltar de 17,1% dos alunos matriculados em cursos de alta qualidade em 2014 para 26,1% em 2015.
Joinville
Joinville é a segunda melhor cidade do interior para empreender, segundo a Endeavor. A cidade do norte catarinense subiu cinco colocações no ranking geral em 2016 e alcançou a quarta posição. O ambiente regulatório é o destaque positivo da cidade, seguido de infraestrutura e capital humano.
A cidade tem a menor alíquota de ISS entre as 32 cidades pesquisadas, ao lado de Salvador, com taxa de 3,65%. Tem, também, a maior proporção de indústrias inovadoras, ao lado de Caxias do Sul, Blumenau e Maringá, e um dos maiores níveis de exportação.
Já com relação à educação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica alcança 5,5 pontos para os anos finais, a nota mais próxima da média seis, equivalente à encontrada em países desenvolvidos.
São José dos Campos
Sede da Embraer e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), São José dos Campos, no interior de São Paulo, é a terceira cidade do interior com o melhor ambiente de negócios e a sexta colocada, incluindo as capitais.
A cidade é líder em inovação entre todas as cidades analisadas. Segundo a Endeavor, o município tem a maior proporção de trabalhadores em empresas de Ciência e Tecnologia, atingindo mais de 14% do total, e recebe volumes de recursos para inovação acima da média.
Foram disponibilizados, em média, R$ 16 mil para cada empresa existente em linhas de crédito para inovação do BNDES e da Finep. É, também, sede do Parque Tecnológico de São José dos Campos, com 32 empresas instaladas.
Sorocaba
Na quarta colocação entre as cidades do interior, Sorocaba, no interior de São Paulo, subiu oito posições em 2016 no ranking geral e terminou entre as dez melhores cidades para empreender do país.
A cidade tem o melhor índice de condições urbanas entre os 32 municípios avaliados, o que inclui as capitais. É o local com o menor custo médio de energia elétrica e o melhor índice de fluidez do trânsito. Está, ainda, na segunda colocação quanto à taxa de população com acesso à internet de alta velocidade, atrás apenas de Florianópolis.
Outro destaque da cidade, segundo a Endeavor, foi o surgimento de empresas ligadas à tecnologia e inovação. Foram criadas 105 empresas de economia criativa e 152 de tecnologia da informação em 2015, a maior expansão proporcional entre as cidades.
Maringá
Melhor paranaense colocada na lista, Maringá, no norte do estado, subiu duas posições em 2016 e ficou na nona colocação entre as melhores cidades do país para empreender. O município é referência no Sul quanto à cultura empreendedora, ou seja, tem a população mais engajada quando o assunto é ter o próprio negócio, principalmente empresas de alto impacto.
Em Maringá, o empreendedorismo é visto como algo positivo entre os moradores da cidade. Mais da metade (56,78%) da população discorda parcial ou totalmente de que “empreendedores exploram seus funcionários” e 42,1% discordam de que “empreender na cidade é difícil”.
A cidade também está entre as seis primeiras colocadas em proporção de empresas com patentes e está entre as quatro maiores com maior proporção de indústrias inovadoras.
Ribeirão Preto
Depois de subir duas posições no ranking geral, Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, entrou na lista das dez cidades do país com o melhor ambiente para negócios. Ambiente regulatório e infraestrutura são os pilares mais bem avaliados do município paulista, segundo o estudo da Endeavor.
Ribeirão Preto possui o quarto menor IPTU e o terceiro menor ISS entre todas as 32 cidades analisadas. Também apresenta poucas atualizações tributárias municipais, o que diminui a complexidade e facilita a vida dos pequenos e médios negócios.
Caxias do Sul
Único representante do interior do Rio Grande do Sul, Caxias do Sul subiu quatro posições em 2016 e alcançou a 12ª colocação entre 32 cidades analisadas. É a cidade com a maior média de investimento do BNDES e da Finep para a área de inovação: R$ 17,6 mil por empresa existente.
Também é a mais bem colocada em porcentagem de empresas que exportam: 2,2% do total de negócios do município exportam, contra 0,58% da média das cidades analisadas. Outra conquista importante para a cidade foi reduzir em mais de 150 dias o prazo para regularizar uma empresa, em especial as de baixo risco.
Blumenau
Representando o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, Blumenau ficou no oitavo lugar entre as melhores cidades do interior para empreender e em 13º no ranking geral, após subir sete posições. É o município com maior proporção de empresas do setor de tecnologia (2,9%) e só perde para Sorocaba no índice de condições urbanas, que mede a qualidade de vida.
Uberlândia
Uberlândia (MG), na 17ª colocação geral, é a cidade com o melhor ambiente regulatório. É lá que está o menor tempo de abertura de empresas do país: 52 dias. A cidade também tem o menor índice de complexidade tributária municipal entre os municípios avaliados. Esses fatores garantiram ao município do interior mineiro a nona colocação no ranking das melhores cidades do interior para empreender.
Londrina
Apesar de ter caído duas posições na pesquisa geral, Londrina, no norte do Paraná, aparece entre as dez melhores cidades do interior para empreender. O melhor indicador da cidade é infraestrutura, com os menores custos médio de energia elétrica (R$ 0,421) e preço médio do médio quadrado (R$ 3.531,88). Também tem uma taxa elevada (13,05%), entre os municípios avaliados, de população com acesso à internet de alta velocidade.