“Eu estou selecionando pessoas que tenham celular para trabalhar divulgando um aplicativo (ganhe de R$ 50 a R$ 200 por dia). Interessados comentem SIM nos comentários que eu explico inbox ;-) (OBS: NÃO É CORRENTE, não é pirâmide e não é vírus).”
Nos últimos dias, centenas de mensagens como essa pipocaram no Facebook e nas redes sociais. Parece tentador. Mas bom demais para ser verdade. Um aplicativo que paga simplesmente para que você faça um download dele?
É e não é.
O aplicativo em questão é o Opa Pagamentos. O que eles oferecem é uma espécie de conta-bancária pré-paga. Você deixa seu dinheiro lá e pode transferir para outras contas, fazer pagamentos e até gerar boletos.
A promoção, que consiste em depositar R$ 1 na sua conta e mais R$ 1 na conta do seu amigo, quando ele usa o seu código para se cadastrar, é por tempo limitado. Começou em meados de junho e vai até esta terça-feira (11).
"Mas eles são otários, vão perder uma grana dando milhões de R$ 1 para pessoas que vão só se cadastrar".
Sim (eles vão investir uma grana). E não (eles não são otários).
É uma estratégia de marketing. O diretor-presidente da Opa, Marcos Roberto de Souza, não vê problema em quem divulgou o código para centenas de amigos, só para ganhar dinheiro. "Se você está fazendo um serviço de divulgação para os seus amigos, você está fazendo do jeito certo. Você simplesmente está ganhando um realzinho para incentivar".
Fraudes
Mas e o risco de fraudes? Esquemas organizados para lucrar com a promoção surgiram na internet, com grupos de WhatsApp e listas de pessoas que indicavam umas às outras. A Opa monitorou estes casos, e diz que a ocorrência foi menor do que calculavam, inicialmente.
A oferta de bônus financeiros para indicações é uma prática comum em aplicativos e clubes de compras. Mas, em geral, o valor deve ser gasto dentro da própria plataforma. A estratégia da Opa é um pouco mais arriscada, já que os usuários podem sacar o dinheiro, ao transferir o valor para outras instituições financeiras.
Uma promoção semelhante levou ao surgimento de golpes no Picpay, que oferta uma premiação em dinheiro para novos usuários. O caso foi mostrado aqui na Gazeta, pelo nosso editor de Nova Economia, Rodrigo Ghedin.
Para que esses cadastros todos?
Como dissemos, o objetivo da Opa Pagamentos não é dar recompensas financeiras para ninguém. (Existem aplicativos que fazem isso, o chamado cashback, mas isso é outra história).
A campanha foi uma forma de divulgação, mas também de captação de novos usuários. Nas próximas semanas devem ser anunciadas novas funcionalidades no aplicativo, que podem ajudar a reter este povo todo que se cadastrou em busca de um realzinho extra.
A função primordial da Opa é fazer transferências bancárias sem custo, a partir de um sistema que o Banco Central chama "arranjo de pagamento". É para aquelas situações em que você compra um brigadeiro, ou divide um churrasco com os amigos. Você não tem R$ 12,50 trocado, na carteira, para pagar a vaquinha. E pagar deizão num DOC é sacanagem. Aí fica naquela "me paga depois" (o que acaba nunca acontecendo).
Mas a fintech também está de olho nos desbancarizados. O número de pessoas que simplesmente não tem conta bancária, no Brasil, é enorme. Chegava a um terço da população, em 2011, sendo maior entre os mais jovens e os mais pobres. E a situação pode ter piorado de lá para cá, com a crise econômica e o aumento de negativados.
Quem está por trás da Opa
"Tá, mas isso não é golpe?". Se você é desconfiado com o que vê na internet, deve ter se perguntado isso. Nós também. Por isso fomos atrás de saber quem está por trás dessa ideia.
A Opa é a primeira startup nascida da Avant Lab, uma auto-incubadora criada pelos antigos sócios da NZN (dona do Baixaki), depois que a empresa foi vendida para um fundo norte-americano.
Marcos de Souza, que está à frente da parte operacional da Avant e da Opa, trabalha com tecnologia há 10 anos. Gui e Tânia Barthel, seus sócios, estão na área desde 2000, quando lançaram o Baixaki.
A Avant reuniu uma pequena equipe, dos tempos de NZN, para criar negócios de tecnologia altamente escaláveis. A Opa é o primeiro deles, e que tem recebido total atenção do grupo. No momento. O aplicativo saiu do papel em janeiro deste ano.
A inspiração veio de um aplicativo de troco dos EUA, depois que um porteiro sugeriu a Gui pagar a gorjeta com uma transferência no app. Foi aí que viram a possibilidade um aplicativo desses ser massivo, e não apenas uma modinha entre jovens descolados.
Por enquanto, a Opa tem investimento de um time de investidores locais, de Curitiba, ligados à Avant. Não há, ainda, dinheiro de investidores estrangeiros.