Queridinho de muitos curitibanos, o Batel Soho está virando modelo para outras partes da cidade. São regiões em que, assim como no entorno da Praça da Espanha, pipocam novos negócios, que extrapolam suas ruas principais e chegam a outros pontos, formando grandes áreas de influência. Não é que brotaram de um dia para o outro: são pontos em que novos empreendimentos foram chegando e se concentraram em poucos quarteirões, formando áreas de influência, que agora recebem uma classificação metodológica.
INFOGRÁFICO: Veja os principais estabelecimentos de cada região
Sem respeitar os limites oficiais de bairros, essas regiões, levantadas em uma pesquisa do Brain Bureau de Inteligência Corporativa, concentram 2,6 mil empreendimentos na área educacional, automotiva, de saúde e bem-estar, de moda, alimentação e decoração. O levantamento identificou sete áreas que, assim como o Batel Soho, ganham cara de polos regionais, atraindo consumidores de todas as partes da cidade e que foram nominados pela pesquisa como Batel Clássico, Santa Felicidade, Centro Histórico, Centro Cultural, Jardins, Arte Cívico e Cabral Soho nomes debatidos com empresários locais e que ainda não são definitivos.
Concentração
Diferente de várias ruas da capital, que concentram empreendimentos e dão vida própria ao comércio local, essas áreas nasceram de ruas que hoje já não têm mais espaço para novos negócios, fazendo com que a região como um todo se desenvolvesse. Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain, explica que o levantamento foi feito com base na observação de vários pontos da cidade, levando em consideração a densidade populacional do entorno, a vida diurna e noturna do comércio local e o desenvolvimento de pelo menos dois tipos de negócios muito bem estabelecidos. "Encontramos essas características nessas áreas, que são de ocupação mais antiga e que hoje têm uma diversidade tamanha que geram uma atratividade perene", avalia.
Dos 2,6 mil empreendimentos, 1,5 mil são pequenos negócios, o que se reflete no dinamismo da região. Um terço das empresas, porém, são de médio porte, o que reforça a influência das regiões na oferta de serviços. "São áreas em que segmentos como alimentação, decoração e moda, por exemplo, se destacam e mostram a vocação da região", salienta Araújo.
A união faz a força, segundo empresários
Qual o verdadeiro ganho em dar uma denominação a uma região da cidade? A representatividade que o polo exerce na atração de consumidores e novos empreendimentos com vocações semelhantes faz com que essas regiões agreguem valor, seja comercial ou simbólico, ao negócio ali instalado. Empresários do Batel Soho, pioneiro nesta denominação formal, contabilizam ganhos que vão de mais clientes a praças mais bem cuidadas.
Dona da loja de móveis Decormade, Maria Schwartsburb vê com bons olhos a denominação para o local. Segundo a empresária, o Soho elitizou e deu mais glamour ao local. "O Batel Soho virou uma referência de restaurantes e lojas sofisticadas", observa.
Para o dono dos restaurantes Píer do Victor, Francisco Urban, estar no Batel Soho faz toda a diferença. Estrategicamente localizada entre as ruas Fernando Simas e Saldanha Marinho, a Trattoria do Victor foi inaugurada em julho deste ano. "O Batel Soho é um bom polo gastronômico, uma região charmosa e de fácil acesso. Procuramos estar bem perto do público", explica Urban.
Nem tudo são flores
Mas não são apenas clientes que são atraídos para a região que ganha fama. Eventos de rua, que atraem milhares de pessoas, passam a eleger o ponto como local de encontro. É o caso do Réveillon Fora de Época, na Praça da Espanha, que, segundo os empresários da região, acaba diminuindo a clientela dos bares e restaurantes durante a festividade o que não preocupa Urban. "É bom ter pessoas caminhando, marcando encontros por aqui. Perdemos a clientela em um dia, mas em longo prazo é bom para o conceito da região", pondera.
Colaborou Mariana Ceccon.